O país pode ter entrado na era das contas certas, mas nem todos os sinais são positivos. Com o aumento das taxas de juro no crédito à habitação e com a subida da inflação, cada vez mais pessoas têm vindo a ser obrigadas a ter dois trabalhos em simultâneo para obter fontes de rendimento adicionais.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, divulgados esta sexta-feira pelo semanário Expresso, o número de trabalhadores no país a acumular dois ou mais empregos chegou a 251.100 em 2023 — é o valor mais alto desde que o INE começou a atual série estatística, em 2011.
Entre 2022 e 2023, houve mais 16.200 pessoas a acumular empregos, o que representou um aumento de 7%. Um dos indicadores a ter em especial consideração é que mais de metade das 251 mil pessoas identificadas possui formação superior: 141.900. No entanto, é entre os profissionais com menos qualificações — tendo apenas o ensino básico — que o duplo emprego está a aumentar.
Além disso, a precariedade também aumentou — foi a primeira vez desde 2019 — para 17,4%, mais 0,9% que em 2022. Este indicador é medido pelo volume de contratos de trabalho a termo ou registo de prestações de serviços.
Recorde-se que o INE apresentou os dados do desemprego esta quarta-feira, tendo-se verificado um aumento em 2023. A taxa de desemprego situou-se em 6,5%, 0,4 pontos percentuais acima do ano anterior, apesar de ser a segunda taxa anual mais baixa desde 2011, a seguir à de 2022 (6,1%).
De acordo com o INE, no ano passado, a média anual da população desempregada foi de 346,6 mil pessoas, tendo aumentado 8,6% (27,5 mil) em relação ao ano anterior e “interrompendo a série, iniciada em 2014 e só pontualmente quebrada em 2020, de taxas de variação anual negativas”.
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