A conferência “Saúde familiar: Uma equipa a trabalhar em condições otimizadas para todos os residentes em Portugal” vai decorrer durante a tarde, na Assembleia da República, em Lisboa, e insere-se num ciclo de conferências dedicadas ao tema da saúde, que arrancou em fevereiro.
Em declarações aos jornalistas, a vice-presidente da bancada parlamentar do PS Berta Nunes indicou que os socialistas têm “vindo a fazer várias reflexões sobre o sistema nacional de saúde e o Serviço Nacional de Saúde, em particular”, que começaram com um debate sobre o modelo das unidades locais de saúde.
Hoje, vão analisar “como as USF [unidades de saúde familiar] tipo B podem dar um médico de família a todos os residentes em Portugal”, indicou a deputada.
“Vamos ter o ex-ministro Correia de Campos, porque foi ele que criou a unidade de missão para fazer esta reforma nos cuidados de saúde primários. Trata-se realmente de uma forma que foi inclusivamente modelo para vários debates noutros países, na altura, e agora pensamos ser o momento de repensar esta reforma e avançar mais no sentido de generalizar, eventualmente, as USF tipo B a todo o país, dar a oportunidade a todos os profissionais dos cuidados primários de poderem estar neste tipo de organização”, salientou a vice-presidente da bancada.
Berta Nunes sustentou que “está provado por vários estudos que foram feitos que as USF tipo B são um modelo que não só garante a satisfação dos utentes e o acesso dos utentes aos cuidados primários de saúde, como garante também a satisfação dos profissionais”.
Apontando que este ano já passaram “de mais de duas dezenas de USF de A para B”, a deputada do PS defendeu a necessidade de avaliar a eventual necessidade de atualizar indicadores, “porque só cuidados primários que sejam acessíveis e que deem uma resposta de qualidade podem resolver os outros problemas a montante, nomeadamente o problema das urgências e do excesso de ida às urgências dos utentes. Também este modelo tem a virtualidade, e iremos falar sobre isso, de dar médico de família a mais portugueses”, considerou.
Apesar de reconhecer que “tem sido difícil dar resposta a esse objetivo”, Berta Nunes recusou “baixar os braços” e apontou que este objetivo “deve continuar a ser a prioridade”.
A socialista apontou que esta é uma situação que afeta maioritariamente a região da capital e o sul do país, o que acontece também com os problemas nas urgências, constituindo episódios pontuais e não “uma situação generalizada”.
E realçou as medidas que estão a ser levadas a cabo pelo Governo, como “aumentar o número de internos em formação em cuidados primários” e “abrir todas as vagas de cuidados primários que existem”, e recusou uma eventual falta de vontade política para solucionar os problemas do SNS.
A deputada considerou que uma das razões para o elevado número de cidadãos sem médico de família atribuído reside no facto de que “muitos médicos de família, neste momento, estão a reformar-se”, mas antecipou que esse “pico de reformas vai abrandar”.
Comentários