O número de linces-ibéricos adultos subiu de 62 para 648 em vinte anos e se em 2001 estava à beira da extinção, a partir de 27 de junho, data em que é atualizada a lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), deixará de ser espécie "em risco" para passar a "vulnerável".

A nova classificação do estatuto de conservação deste mamífero exclusivo da Península Ibérica, que chegou a ser a espécie felina mais ameaçada do planeta, é o resultado de um programa de preservação de duas décadas implementado por Portugal e Espanha com o apoio da União Europeia e também de diversas organizações não-governamentais (ONG) de vida selvagem.

No ano passado, a população estimada de linces ibéricos era de 2.021 espécimes, a esmagadora maioria, quase 86%, encontrada em Espanha. O diário The Guardian, que hoje dedica um artigo ao tema, conta que a queda aconteceu sobretudo no século passado, quando o general Franco criou leis para se livrar de criaturas então consideradas vermes. Mas as pragas nas populações de coelhos, que representam 90% da dieta do lince, também tiveram aqui um papel.

Esta é "uma história de grande sucesso", afirmou o chefe da unidade responsável pela lista vermelha da UICN, Craig Hilton-Taylor, citado pelo jornal inglês. E conta as medidas cuidadosas e cooperativas para expandir e diversificar o número de linces em diferentes áreas, como aumentar a população de coelhos e sensibilizar as pessoas para os perigos de extinção da espécie.

"Nos próximos 100 anos, provavelmente, poderemos fazer com que o lince esteja totalmente recuperado na sua área de distribuição nativa", avançou. "As alterações climáticas são um fator preocupante, porque não sabemos que efeitos irão produzir – temos visto um aumento de incêndios na área do Mediterrâneo, ainda não determinámos que impacto terá na população de linces ibéricos", acrescentou.

Javier Salcedo, coordenador do programa Lynxconnect, financiado maioritariamente pela União Europeia, disse ao The Guardian que foi surpreendente ver o animal passar de "em perigo de extinção" para "em perigo" e agora para "vulnerável" ao longo de vinte anos.