Apagão

"Fomos confrontados com coisas nunca antes vividas", começou por dizer Luís Montenegro, identificando os três desafios: a dimensão técnica de recuperação da rede de energia, a garantia dos serviços essenciais e a comunicação. "Desde a primeira hora que usámos a forma que nos pareceu mais eficaz, a rádio", disse sobre esta última que tem sido a que tem merecido mais críticas, nomeadamente da parte do Partido Socialista.

"Nós respondemos com força e com eficácia", sublinhou.

Sobre o que teria feito diferente, Pedro Nuno Santos disse que teria convocado o sistema de segurança interna,"desde logo a ministra da Administração Interna". "Tivemos os autarcas entregues à sua sorte", apontou.

"O governo não é responsável pelo apagão mas, no que era responsável, nomeadamente na comunicação, falhou. Perdeu a janela de oportunidade de enviar uma mensagem aos portugueses enquanto era possível", sublinhou.

"A REN fez um trabalho extraordinário no que lhe competia, ao governo aquilo que se pedia era comunicação e coordenação e, na nossa opinião, falhou com a sua missão".

Conta públicas

Confrontado com as propostas eleitorais socialistas em matéria de contas públicas, Pedro Nuno Santos afirmou que “é mais prudente e cauteloso do que o da AD que é um embuste que coloca taxas de crescimento que não são previstas por nenhuma instituição internacional para depois pôr despesa mais alta”.

O líder socialista reiterou a defesa da redução de impostos "que toda a gente paga e que pesam mais nas famílias que ganham menos”. Sublinhou que PS não promete “tudo a todos”, mas “para todos”, enquanto a proposta da AD “dirige-se a uma minoria da população e das empresas", acusando o líder do PSD  de ter “duas faces”, uma na campanha e outra em Bruxelas.

“Temos mesmo de ser sérios. De uma ponta à outra. Pedro Nuno Santos acaba de lançar uma confusão que se não é mentira é incompetência pura”, respondeu Luís Montenegro.

"O Dr. Pedro Nuno Santos ainda por cima é economista e não pode desconhecer que as medidas que enviámos a Bruxelas são no domínio das políticos invariantes. (...) Nós olhamos para a economia como geradora de riqueza enquanto o Partido Socialista só encara do ponto de vista de distribuição (...)".

"Não falta ambição ao PS, falta vergonha ao programa da AD", retorquiu Pedro Nuno Santos.

"O senhor doutor não está preparado para governar. Peço desculpa, mas tem de se informar melhor”, contra-atacou Luís Monetengro, retomando a discussão sobre a Fundação da Ciência e Tecnologia que, afirma, bateu o recorde da execução do seu orçamento. “E corta-lhe a verba”, contrapôs Pedro Nuno Santos.

Saúde

"Dar continuidade à política que iniciámos" - é a primeira resposta de Montenegro sobre como se propõe recuperar o sistema de saúde.

“Queremos continuar a valorizar o estatuto remuneratório dos profissionais de saúde”, não deixando de reconhecer que o SNS “tem vários problemas que vão demorar tempo a ser superados”.

O líder do PSD não deixou de recordar a Pedro Nuno Santos as “amarras ideológicas”, recordando que está próximo dos seus “parceiros de governação”, Bloco de Esquerda e PCP.

Sobre a promessa de garantir médicos de família para todos os utentes, afirmou. “Sou honesto: não íamos conseguir atingir esse resultado no final de 2025. Não vou avançar com uma data concreta.”

"Esta é a maior área de falhanço do governo", acusou Pedro Nuno Santos, " e por responsabilidade direta e pessoal de Luís Montenegro que prometeu que era fácil e rápido resolver problema da saúde”.

Sobre as amarras ideológicas referidas por Montenegro, o líder socialista respondeu que “não tem nenhum dogma ideológico”, mas que só avançaria para PPP com uma “fundamentação que não vimos até agora”.

"Então eu falhei quando o partido socialista não conseguiu resolver em oito anos?", lançou de seguida o atual primeiro-ministro, apresentando indicadores que considera ser de melhoria. "Foi da responsabilidade do Pedro Nuno Santos e daquele que apresenta como a grande esperança para a saúde", acrescenta, apontando o dedo ao ex-diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, atual candidato do PS à Câmara Municipal do Porto.

Caso Spinumviva

O caso que deu origem à crise política entrou no debate num dia em que foram conhecidas novas empresas clientes da empresa fundada por Luís Montenegro e detida pela família.

"A Spinumviva é Luís Montenegro. Foi Luís Montenegro que criou a empresa (..)Hoje ficámos a conhecer mais clientes e alguns são clientes do Estado e recebem milhões de euros", começa por afirmar Pedro Nuno Santos.

"“Tira um coelho da cartola a algumas horas do debate. É gozar connosco, com os portugueses. É inaceitável e é gozar com quem trabalha o que Luís Montenegro fez horas antes deste debate", refere ainda Pedro Nuno Santos sobre a notícia que hoje foi tornada pública sobre a comunicação à Autoridade para a Transparência.

"Eu não acumulei a função de primeiro ministro com nenhuma outra atividade", diz Luís Montenegro. "É lamentável e deplorável", afirma sobre as declarações de Pedro Nuno Santos. "Pedro Nuno Santos não tem autoridade moral nem vida para falar assim de mim".

"Não se vitimize", responde Pedro Nuno Santos, "a vida não o tratou mal".

Na resposta, Luís Montenegro acusa Pedro Nuno Santos :“não tem mesmo limites”.  “Tem mesmo coragem de me falar em prorrogações de zonas de jogo quando sabe que as duas últimas foram de governos do PS? O senhor está a falar do quê?”. “Não tem limites, mas devia ter”.

Segurança Social

Questionado sobre se o PSD já se reconciliou com os pensionistas, Luís Montenegro diz que a AD deu “todas as razões” para que os pensionistas e reformados confiem mais no seu projeto no que do PS.

O social-democrata acusou Pedro Nuno Santos de  estar “a falhar mesmo muito à seriedade”, uma vez que o grupo de trabalho do Governo está a analisar o Livro Verde que o executivo de António Costa mandou fazer. “Não tem limites à utilização demagógica. Estamos a analisar as conclusões do seu estudo”, atira.

Luís Montenegro prometeu não fazer nenhuma alteração ao sistema de Segurança Social nesta legislatura, garantindo que, se o fizer, será sempre com base eleitoral.

“A posição do PS nunca se alterou”, afirma Pedro Nuno com Montenegro afirmando que “o que é mais provável é que a conclusão do estudo seja o que a AD defende há muitos anos.”

O líder socialista defende que o PS sempre apostou em aumentos extraordinários das pensões ao contrário da AD: “Chega ao Pontal e anuncia um bónus que não se repete, as nossas propostas são aumentos permanentes”.

Habitação

Sobre o tema da habitação, Luís Montenegro começa por recordar que Pedro Nuno foi ministro da área e que quando a AD chegou ao Governo havia um plano de 26 mil novas habitações, mas não havia dinheiro para o programa, apenas para 16 mil casas.

“Nós fizemos aumentar de 26 mil para 59 mil o objetivo na próxima legislatura, financiando esse projeto com dinheiro do PRR e do OE”, afirmou. “Isto não produz efeito imediato, mas se conseguirmos construir ou reabilitar estas 59 mil irá aumentar a oferta do lado público e os incentivos do lado da procura", aponta, sublinhando que foram alargados os critérios para aceder ao programa Porta65.

"Ainda estamos a pagar hoje o desinvestimento em habitação do Pedro Nuno Santos", frisa Luís Montenegro. "Os jovens são mesmo uma prioridade máxima".

Na resposta, Pedro Nuno Santos começa por afirmar que a habitação  é “um dos maiores dramas nacionais”. O líder socialista critica as isenções dadas pelo executivo da AD, afirmando que “sem medidas do lado da oferta aceleraram preços do imobiliário”. Ainda assim, garante que não vai reverter as medidas, mesmo que os jovens esteja  “mais longe de comprar casa do que há uns anos”.

Ainda neste tema, acusa o governo de ter sido "incompetente no apoio ao arrendamento” com “atrasos no Porta 65 de seis a sete meses quando eram de dois meses”.

Os dois líderes concordam na aposta na construção pública. “Não há outra solução”, diz Pedro Nuno Santos.

Governabilidade

Que garantias dão os dois líderes ao país em matéria de governabilidade?

“O Governo não caiu por falta de estabilidade. Caiu por tática política. Garanto que vou continuar firme e focado no problema das pessoas.”, diz Luís Montenegro. “Continuarei a governar com os mesmo princípios".

Sobre o que fará se ficar em segundo lugar, o líder do PSD não respondeu.

Pedro Nuno Santos também não responde, afirmando apenas “trabalhar para vencer eleições” “em diálogo com todas as forças políticas para ter a estabilidade política que Luís Montenegro já não consegue dar”.

Fecha apelando que “haja grande dispersão de votos” porque o Presidente vai nomear quem tiver mais votos.

Coube a Pedro Nuno Santos o minuto final do debate, em que sublinhou a “defesa séria das pensões" e disse que "extinguirá grupo de trabalho da AD”.