Patrícia Gilvaz, que encabeçou o cortejo da Iniciativa Liberal (IL) de megafone na mão, disse à Lusa que o incidente decorreu no Marquês de Pombal, em Lisboa, quando estavam a entoar vários cânticos, um dos quais “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre, comunismo nunca mais”.
“Alguém se sentiu muito incomodado, veio agarrar-me pelo braço, puxou-me, empurrou-me e começou a gritar que era comunista, que tinha lutado pelos nossos direitos e começou a insultar-me a mim, começou a insultar toda a gente que estava ali a cantar pela liberdade, esquecendo-se de que Abril foi feito para cantar precisamente contra todas as ideologias de índole totalitária”, afirmou.
Segundo o relato da deputada, o indivíduo foi posteriormente afastado por uma pessoa que o acompanhava e também por militantes da IL, quando “começaram a aperceber-se do que estava a acontecer e os puxões e empurrões começaram a ser mais agressivos”.
Questionada se pretende apresentar queixa, Patrícia Gilvaz respondeu: “Não conheço o senhor de lado nenhum, não sei o seu nome”.
“Portanto, não vou apresentar queixa contra um desconhecido, que não sei identificar, mas lamento que, em pleno século XXI, 50 anos depois da conquista da liberdade, ainda haja situações como estas em que tentam oprimir e fazer um verdadeiro ataque à liberdade de expressão”, sublinhou.
A deputada salientou que, já no passado, tinha encabeçado o cortejo da IL de megafone na mão, tendo o partido também ouvido insultos, mas este ano sentiu “uma agressividade maior”.
“Nunca nos tinha acontecido chegarem ao ponto de nos virem interpelar fisicamente, e este ano houve mesmo esse escalar de atitudes”, disse, considerando que o que lhe aconteceu ontem foi um “verdadeiro ataque à liberdade de expressão”, mas afirmando que não se deixará intimidar.
“Nunca nos calaremos em favor da liberdade, isso nunca”, disse.
Na rede social X (antigo Twitter), o líder da IL, Rui Rocha, reagiu a este incidente, salientando que “podem agarrar e tentar intimidar fisicamente a Patrícia Gilvaz”, mas ela “não se deixa condicionar”.
“Podem insultar-nos e ameaçar-nos, como sempre fazem (e ontem fizeram novamente). Podem tentar impedir-nos de participar, como já fizeram. Não nos conhecem. Não nos deixamos intimidar”, referiu, acrescentando que a “a liberdade não é da esquerda, de quem se apropria da festa, procurando excluir quem pensa diferente”.
“A Liberdade é de todos e vamos continuar a dizê-lo todos os dias em todo o lado, na rua, sem aceitar qualquer tipo de condicionamento. Nós não ficamos no sofá”, refere.
Nesta publicação, Rui Rocha aborda declarações do secretário-geral do PS no desfile – em que declarou que a multidão que encheu a Avenida da Liberdade é um sinal de que o “povo português quer a esquerda no poder” -, para recordar que há um mês houve eleições legislativas.
“É um sinal claro de revanchismo, intolerância e falta de respeito pelo votos dos portugueses, que se fizeram ouvir há apenas umas semanas”, lê-se.
A IL voltou este ano a integrar o tradicional desfile comemorativo do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa, à semelhança do que tinha feito em 2023, depois de dois anos seguidos em que promoveu uma iniciativa própria.
Desde a sua fundação, a IL participou nestas comemorações populares em 2018 e em 2019, um desfile que não se realizou em 2020 devido à pandemia. Nos dois anos seguintes, os liberais tiveram um desfile próprio após a polémica com a comissão promotora do desfile comemorativo do 25 de Abril.
Comentários