Em vez de “vulgarizar a sua palavra”, a Assembleia da República “não pode descer ao nível da rua, do bairro, do amigo que se revelou na conquista do torneio de sueca”, escreveu, com ironia, Ascenso Simões na declaração de voto, depois de ter votado contra o voto de saudação, do PSD do CDS, pela vitória da seleção nacional do Campeonato da Europa de Futsal do Clero.
A Assembleia, insiste no voto, “deve garantir para si uma representação e uma voz nacional perante personalidades e questões nacionais ou internacionais relevantes”.
Daí, Ascenso Simões dizer que o voto sobre o Futsal do Clero ter um significado: “Revela o ponto a que chegamos.”
“Não que os sacerdotes não sejam habilidosos jogadores, não que não mereçam o nosso respeito e a nossa homenagem. Mas estamos no parlamento nacional”, escreve o deputado socialista.
No caso, opinou, o voto de hoje “desgradua o papel” da Igreja que “deve ser motivo de considerações parlamentares por grandes questões de sociedade, pelas grandes figuras que a ela estão ligadas”.
“Não nos parece que os campeonatos de futsal mereçam sequer uma nota de rodapé nos anais da vida coletiva e do país maioritariamente cristão que ainda somos”, escreveu.
Ascenso Simões pede uma reflexão para o futuro sobre se o parlamento deve ou não continuar a votar “votos patéticos, indigentes e até menorizadores do parlamento que, não raras vezes, são apresentados”.
Hoje, o parlamento aprovou um voto de congratulação, apresentado por PSD e CDS-PP, pela vitória da seleção nacional do Campeonato da Europa de Futsal do Clero.
O voto, que já mereceu alguns comentários irónicos nas redes sociais e foi tema de uma rábula radiofónica do humorista Ricardo Araújo Pereira, teve votos favoráveis de PSD, CDS-PP e da bancada do PS. No entanto, 40 dos 85 deputados do PS abstiveram-se, e votou contra o deputado Ascenso Simões, tal como a bancada do BE e o deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
O voto, cuja aprovação foi aplaudida de pé pelas bancadas do PSD e do PSD, destaca os resultados nacionais, nomeadamente o “surpreendente ‘hat-trick’ do padre André Meireles”.
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