A operação arrancou, sem incidentes, ao início da manhã, com as forças policiais a isolarem a área do acampamento, localizado perto do hospital de Calais. Na zona, também foram montadas tendas da Proteção Civil local.
Cerca de duas horas após o início da operação, perto de 200 migrantes já tinham sido retirados do acampamento, de acordo com fontes oficiais citadas pela agência France-Presse (AFP), que também avançou que a polícia já tinha interpelado, até ao momento, 21 pessoas.
“Queremos evitar qualquer concentração e um novo ponto de fixação em Calais e esta zona ficará inacessível”, declarou o prefeito de Pas-de-Calais, Louis Le Franc, afirmando que esta operação é a mais “importante” desde “o desmantelamento” do campo que ficou conhecido como a “Selva”, onde chegaram a viver cerca de 9.000 migrantes entre 2015 e 2016.
“A meu ver é, antes de mais, uma operação de abrigo. Os migrantes vivem neste espaço arborizado em condições extremamente difíceis. (…) Era importante tirar todos os migrantes antes (…) do período de inverno”, prosseguiu Louis Le Franc.
Segundo o representante local, os migrantes serão agora encaminhados para centros de acolhimento em diferentes regiões.
A maioria dos migrantes são homens e são oriundos principalmente da Somália, Sudão, Irão, Iraque e Eritreia.
Entre as centenas de migrantes que viviam neste acampamento foram contabilizadas cerca de 40 mulheres e crianças.
“O nosso objetivo é também lutar ativamente contra os chamados passadores (…) e a exploração da miséria humana”, insistiu Louis Le Franc, denunciando os valores que são exigidos aos migrantes pelas redes de tráfico: 7.000 euros para uma travessia numa embarcação “em boas condições marítimas” e 3.000 euros “em más condições marítimas”.
As associações locais dedicadas ao acolhimento de migrantes estão, no entanto, a encarar esta operação com um grande ceticismo.
“Estão a evacuar e a isolar esta área, as pessoas voltarão dentro de poucos dias e vão instalar-se um pouco mais longe. Estamos a gastar fortunas, a mobilizar dezenas de autocarros, a polícia, e é absolutamente inútil. É uma operação de comunicação, nada mais (…)”, lamentou Maya Konforti, representante de uma associação local que presta auxílio aos migrantes.
“Imagine, ser acordado às 03:00 da manhã, com a polícia à sua volta, a ser forçado a entrar num autocarro para ir para um lugar para o qual não quer ir. À primeira oportunidade, vão sair do autocarro e regressar, muitas vezes a pé. (…) Sabem [os migrantes] que a maioria deles não consegue obter o asilo em França, porque a sua situação não o permite. A Inglaterra é a sua última oportunidade”, frisou a mesma representante.
Os serviços estatais franceses estimam que 1.000 migrantes estejam em Calais na esperança de conseguir fazer a travessia do Canal da Mancha, entre a costa francesa e a costa inglesa, e alcançar o território britânico.
Para as associações locais, esse número é superior e ronda os 1.500 migrantes.
Segundo a ativista Claire Hédon, que denunciou na semana passada as condições de vida “degradantes e desumanas” dos migrantes em Calais, devem estar concentrados nesta localidade francesa entre 1.200 a 1.500 migrantes e refugiados.
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