“Não paramos, não paramos” e “a escola unida jamais será vencida” foram algumas das palavras de ordem gritadas durante a marcha que começou na escola Básica Antonio Augusto Louro com destino à Câmara Municipal do Seixal, no distrito de Setúbal.
Ao longo do percurso, outras escolas foram-se juntando ao protesto, num dia em que Ministério da Educação e sindicatos se reúnem para retomar o processo negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade de professores, mais de dois meses após a última reunião.
Carlos Leal, professor de educação física há 30 anos, disse à Lusa que os professores reivindicam um direito que lhes foi roubado, mas que a luta de hoje é por uma escola que afirma estar a colapsar e pelos alunos.
O professor disse ainda estar cético relativamente às negociações que hoje recomeçam, um sentimento aliás comum a alguns dos manifestantes que durante a marcha foram dizendo “desta vez não nos enganam”.
Manuela Castelo, professora do 1.º ciclo do ensino básico, explicou que a iniciativa de hoje é em defesa da profissão que abraçou há 25 anos num nível de ensino que considera ser determinante.
“Lembro que é aqui que tudo começa”, disse, alertando que escola pública está em perigo e “a ficar cada vez mais triste e doente” e que os professores sentem que não têm ninguém que os defenda.
Pelo menos oito agrupamentos de escolas de vários níveis de ensino do concelho estiveram presentes na iniciativa, que contou também com a participação do presidente da autarquia, Paulo Silva (CDU).
“A Câmara Municipal do Seixal está solidária com a justa luta dos professores em defesa da escola pública e de um ensino de qualidade para todos os estudantes”, disse Paulo Silva em declarações à Lusa.
O presidente da autarquia aproveitou o momento para chamar a atenção para a necessidade de requalificação de todo o parque escolar, indicando que as escolas do concelho “têm todas mais de 30 anos” e precisam de obras.
Numa intervenção pública posterior, já junto aos paços do concelho, Paulo Silva disse que, ao lutarem pelos seus direitos, os professores estão também a ensinar porque “na escola também se ensinam ideais”.
“Os professores do concelho do Seixal deram um grande exemplo de cidadania e estão a demonstrar a sua união”, frisou.
Os professores estão em greve desde 09 de dezembro, estando a decorrer, atualmente, três paralisações distintas convocadas por várias organizações sindicais. A primeira foi uma iniciativa do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) que, em dezembro, convocou uma paralisação por tempo indeterminado, que os professores têm cumprido de forma parcial, a apenas um tempo de aulas, e para a qual já foram entregues pré-avisos até 31 de janeiro.
No início do 2.º período, o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) iniciou uma outra greve parcial, tendo arrancado posteriormente uma greve total que se realiza por distritos durante 18 dias, convocada por uma plataforma de sindicatos que incluiu a Fenprof.
Em causa estão problemas antigos relacionados com a carreira docente e condições gerais de trabalho, assim como propostas apresentadas pelo ministério sobre um novo regime de recrutamento e colocação, que ainda decorre.
Hoje o primeiro-ministro disse que o ministro da Educação vai negociar com os sindicatos dos professores em nome de todo o Governo, que o executivo tem propostas concretas e que se houver boa-fé há condições para avançar.
“Se toda a gente estiver de boa-fé, temos condições para poder avançar e concretizar dois grandes objetivos inscritos no Programa do Governo: Acabar com este regime de casa às costas para os professores e acabar com este regime de precariedade”, afirmou.
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