De acordo com a ONU, um bebé de dez meses desenvolveu paralisia numa perna após contrair poliomielite em Gaza, o primeiro caso detetado nos últimos 25 anos, contou a BBC.
O bebé, que não estava vacinado contra a doença, encontra-se neste momento estabilizado. No entanto, e por precaução, várias crianças da cidade começaram a ser examinadas.
Frequentemente transmitido por águas de esgoto ou água contaminada, o vírus é altamente infeccioso e pode causar paralisia ou desfiguração, além de poder revelar-se fatal. As crianças com menos de cinco anos costumam ser as mais infetadas e afetadas pela doença.
Há mais de duas décadas que a cidade não registava qualquer caso, mas em junho o poliovírus de tipo 2 foi detetado nas amostras recolhidas das águas residuais.
Para evitar que surjam novos casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou uma campanha de vacinação nas próximas semanas em Gaza. "Estou profundamente preocupado", disse Tedros Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
A UNIFEF está responsável por coordenar a entrega das 1,6 milhões de doses de vacinas já aprovadas, bem como a chegada das equipas médicas a Gaza. Para a diretora-executiva, Catherine Russel, o ressurgimento do vírus na Faixa de Gaza, após 25 anos, é "outro lembrete preocupante de quão caótica, desesperadora e perigosa a situação se tornou".
A 18 de agosto, as Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que, desde o início da guerra, entraram 282.126 frascos da vacina contra a poliomielite, suficientes para 2.821.260 doses, em Gaza.
Na próxima semana espera-se que sejam entregues mais 60.000 frascos, que irão permitir vacinar mais um milhão de crianças.
Esta é, contudo, uma ação que tem sido condicionada. Para a OMS, as campanhas de vacinação mais alargadas só serão possíveis quando existir um cessar-fogo na guerra, o que até agora ainda não aconteceu.
No entanto, e de acordo com as IDF, a entrada de vacinas para a prevenção de epidemias na Faixa de Gaza tem sido facilitada pelo Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT),
"Isso inclui a entrada das equipas médicas e vacinas contra o vírus da poliomielite", disse a IDF.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU disse que tal não era suficiente. António Guterres destacou que é ainda necessário facilitar o transporte de vacinas e equipamentos e permitir a entrada de especialistas na cidade.
Por outro lado, afirmou ser necessário combustível adequado, maior investimento financeiro, uma boa rede de comunicação e garantias de segurança dos profissionais de saúde e das pessoas que chegam às unidades para serem vacinadas.
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