Jair Bolsonaro afirmou nas redes sociais que “o Ministério da Saúde adequou a divulgação dos casos e mortes relacionados com covid-19″, optando por publicar o balanço diário mais tarde, às 22:00 e não às 19:00, para “evitar subnotificações e inconsistências”, refere o G1, portal de notícias do grupo Globo.
Na sexta-feira, o boletim diário do Ministério da Saúde brasileiro sobre a covid-19 apenas incluiu o número de novos infetados e mortos e o número de casos recuperados das últimas 24 horas, excluindo os totais acumulados desde o início da pandemia.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela doença respiratória infecciosa e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados (mais de 645 mil, atrás dos Estados Unidos) e o terceiro de mortos (35.026, depois de Estados Unidos e Reino Unido).
De acordo com o portal G1, a página do Governo Federal do Brasil que publica os dados da pandemia no país não está a funcionar, apenas tem a indicação de que se encontra em manutenção.
Justificando as alterações na divulgação do boletim diário do Ministério da Saúde, Jair Bolsonaro alegou que havia “risco de subnotificação” se a informação fosse disponibilizada mais cedo, entre as 17:00 e as 19:00, como foi prática durante muito tempo.
O Presidente do Brasil invocou, ainda, que os “fluxos” de dados estão a ser “padronizados e adequados” para garantir uma “melhor precisão” da informação.
Em declarações publicadas no jornal O Globo, o empresário Carlos Wizard, apontado como o possível secretário da Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, disse que o boletim diário da covid-19 seria revisto porque os Estados estavam a inflacionar os dados.
Segundo Carlos Wizard, o número de mortos por covid-19 no Brasil é “fantasioso ou manipulado”.
“Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de terem um orçamento maior nos seus municípios, nos seus Estados, colocavam todo o mundo com covid”, afirmou.
Reagindo a estas declarações, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que reúne os secretários de saúde das 27 unidades federativas do Brasil, considerou que o empresário manifesta ”profunda ignorância sobre o tema” e “insulta a memória de todas as vítimas indefesas desta terrível pandemia e as suas famílias”.
A pandemia da covid-19 já provocou mais de 397 mil mortos e infetou mais de 6,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença respiratória é causada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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