De acordo com o último relatório da DGAV emitido na quinta-feira, a região mais afetada é o Norte, com destaque para o distrito de Bragança, que contabiliza 121 explorações afetadas, 288 animais contaminados pela doença hemorrágica epizoótica (DHE) e 18 mortes registadas, onde sobressaem os concelhos de Vinhais, Bragança e Miranda do Douro.
O primeiro foco de DHE referente a 2024, foi detetado no concelho de Vinhais, no distrito de Bragança, em 17 de julho.
Segue-se o distrito de Vila Real com 20 explorações com casos positivos para DHE e 22 bovinos afetados, com destaque para os concelhos de Boticas, Mondim de Basto, Montalegre, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real
Já o distrito de Braga apresenta 18 explorações afetadas e 22 casos. Viana do Castelo tem cinco explorações afetadas com um total de cinco casos positivos para DHE.
Também no distrito de Leiria foi registada a morte de uma vaca contaminada com o vírus da DHE.
No distrito de Bragança há ainda uma exploração de veados afetada, com o registo de três animais contaminados, visto que a DHE também ataca os cervídeos.
O relatório de casos de infeção ou morte por DHE é atualizado todas as semanas, por norma no último dia útil.
Em declarações à Lusa, a diretora-geral de Alimentação e Veterinária, Susana Pombo, disse que a DHE apareceu pela primeira vez em 2023 e como é transmitida por um vetor [mosquito] está muito associada às altas temperaturas que se têm feito sentir.
“Este ano temos uma situação [epidemiológica] diferente, relativamente ao ano passado porque a indústria farmacêutica disponibiliza uma vacina autorizada pela DGAV para utilização temporária pelo prazo de um ano, cuja data de comercialização teve início na passada quinta-feira” 05 de setembro, indicou.
Susana Pombo acrescentou ainda que a DGAV já atualizou o seu Edital, sendo que “esta vacina é de aplicação voluntária por parte dos produtores pecuários. A vacina está disponível nos distribuidores nacionais”.
A responsável pela DGAV disse ainda que “qualquer médico veterinário com cédula profissional ativa pode prescrever a vacina contra a DHE e de acordo com as condições sanitárias que apresentem, entenda que os animais possam ser mais protegidos”.
Susana Pombo apelou ainda à utilização de desinsetização já que o veículo transmissível da doença é um mosquito.
“Os animais devem ser vistos todos os dias, porque a doença tem tratamento, mas quanto mais depressa se atuar melhor”, vincou.
A responsável alertou ainda que a DHE só afeta animais e não é transmissível a humanos, sendo “importante que as pessoas tenham essa noção".
“Atualmente a vacina existente está rotulada em espanhol, mas o próximo lote a chegar a Portugal, e que será brevemente, já virá rotulado em português”, disse.
A DGAV informou ainda através de Edital que os animais com sinais clínicos de DHE não podem ser movimentados.
Os principais sintomas da DHE registados nos bovinos são coxeia, falta de apetite e úlceras na boca, uma situação que provoca a degradação do estado de saúde dos bovinos, que os pode “levar à morte”, indicou à Lusa o secretário técnico da Associação de Criadores de Raça Bovina Mirandesa, Válter Raposo.
Este responsável já havia alertado na quinta-feira para o regresso do vírus DHE ao Nordeste Transmontano, estando a afetar animais e a deixar os produtores apreensivos.
Válter Raposo acrescentou que se previa “uma certa imunidade”, mas há animais que estão a repetir a doença pelo segundo ano consecutivo.
“Provavelmente há uma estirpe diferente deste vírus hemorrágico.”, disse.
A DHE é uma doença de etiologia viral que afeta os ruminantes, em especial os bovinos e os cervídeos selvagens, com transmissão vetorial (por mosquito), que está incluída na lista de doenças de declaração obrigatória da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
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