De acordo com um comunicado divulgado internamente, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a partir das 00:00 de quarta-feira (15 de abril), “os doentes que optem pelo tratamento nos hospitais CUF deverão ter em conta que os atos clínicos associados ao diagnóstico e tratamento de doentes” infetados com a doença provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) “não têm comparticipação” do SNS.
Por isso, os “respetivos custos terão de ser assumidos pelos doentes ou pelas seguradoras ou subsistemas que venham a aceitar comparticipar estes custos”.
O grupo José de Mello Saúde justifica a decisão com a “posição agora assumida pelo Ministério da Saúde de que os custos associados” ao tratamento desta doença infecciosa “não são da responsabilidade” do Serviço Nacional de Saúde.
Contudo, a CUF “mantém a sua disponibilidade” para tratar as pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2, “nomeadamente com a disponibilização de um total de 48 camas” nos hospitais CUF Infante Santo, em Lisboa, e CUF Porto.
A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou, no sábado, que o Estado só vai assegurar os custos de tratamento dos doentes infetados com o novo coronavírus nos hospitais privados nos casos encaminhados pelo SNS.
“Sempre dissemos que a porta de entrada é desejavelmente o Serviço Nacional de Saúde e, portanto, não faria sentido que utilizássemos agora um entendimento distinto daquele que sempre temos utilizado”, disse Marta Temido, durante a conferência de imprensa de atualização da evolução da pandemia.
Numa reportagem da SIC transmitida na sexta-feira à noite, a administradora de outro grupo privado – os Lusíadas – afirmou que o hospital vai cobrar ao Estado o custo de internamento, testes e exames de todos os utentes que sejam diagnosticados com covid-19, mesmo que não sejam encaminhados pelo SNS.
Questionada sobre as declarações do hospital privado, a ministra explicou que as cláusulas contratuais, homologadas esta semana, dos acordos de adesão com os setores privados e social preveem que as entidades que operam nestes setores possam integrar a resposta à pandemia, desde que essa necessidade seja confirmada pelas entidades hospitalares e pelas administrações regionais de saúde.
Isto significa que os custos associados ao diagnóstico e tratamento dos doentes são assegurados pelo Estado sempre que as pessoas forem encaminhadas pelo SNS, mas não se procurarem por iniciativa própria os privados.
O comunicado divulgado hoje internamente dá conta de que o “custo a incorrer pelos clientes será o mesmo que foi estabelecido pelo SNS no protocolo proposto aos hospitais do setor privado e social para doentes transferidos” do Serviço Nacional de Saúde.
Em relação às pessoas que já foram tratadas nas unidades da CUF ou que ainda estão em tratamento, a nota assegura que “estes doentes não serão de forma alguma prejudicados ou impactados em qualquer custo”.
O comunicado explicita ainda que, até hoje, a CUF já testou 2.481 pessoas, das quais 283 testaram positivo à presença do SARS-CoV-2. Destes, 64 foram tratados nas unidades deste grupo e 219 foram acompanhados em casa.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 117 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos e 16.934 casos de infeção confirmados.
Dos infetados, 1.187 estão internados, 188 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
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