Entre bandeiras da Ucrânia e também algumas de Portugal e da União Europeia, as centenas de pessoas concentradas no Rossio apelaram a “uma vitória justa” e disseram “muito obrigado, Portugal”, além de terem entoado os hinos dos dois países.
Empunhando vários cartazes, nos quais se podia ler “O único caminho para a paz — vitória da Ucrânia” ou “Por um amanhã sem guerra. Juntos pela Ucrânia”, os manifestantes marcharam até à Câmara de Lisboa, numa iniciativa organizada pela Embaixada da Ucrânia em Lisboa e pela Associação dos Ucranianos em Portugal.
“Hoje começamos a nossa manifestação em Lisboa e outras cidades com uma palavra de ‘obrigado, Portugal’. Isto não são só palavras, significa que Portugal foi um exemplo [na forma] como acolheu e ajudou os ucranianos que necessitam a sobreviverem de um genocídio”, disse à Lusa o presidente da associação.
Pavlo Sadokha frisou que esta iniciativa pretendeu “em primeiro lugar agradecer a todos que ajudaram a Ucrânia” e destacou as declarações dos “representantes mais altos do povo português”, como o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República.
O responsável destacou o processo de acolhimento dos ucranianos em Portugal, que “correu muito bem” nestes dois anos, e deu conta de que “não há dados concretos sobre quantos ucranianos regressaram à Ucrânia”, estimando-se que entre 1.500 e 2.000 tenham voltado ao país, ainda em guerra.
O responsável sustentou que os ucranianos vão “continuar até uma vitória justa para a Ucrânia” e frisou que o Governo “já disse o que é preciso para defender” o país.
“Em primeiro lugar teremos de ter um apoio político. Em segundo temos de ter apoio militar, porque temos soldados ucranianos com coragem e vontade de defender a nossa pátria, mas sem defesa, armamento, aviões, canhões, tanques não vamos conseguir, porque a potência da Rússia é muito superior à da Ucrânia”, precisou.
Também Oleksandra, que vive em Portugal há cerca de sete anos, considera que “o essencial é que a guerra acabe o mais rapidamente possível”, mas para tal é preciso “muito mais ajuda” e, no caso de Portugal, o apoio poderia passar por enviar para a Ucrânia aviões F16 e financiamento para armamento.
Com família na Ucrânia, Oleksandra esteve no seu país de origem em janeiro. “A guerra sente-se em todo o lado, há militares nas ruas, há pessoas que perderam braços ou pernas, há pessoas que perderam familiares e amigos”, contou.
Lisa Rizol tem 14 anos e chegou a Portugal, juntamente com a mãe, em março de 2022. Tem como sonho que a guerra acabe e voltar para o país natal, onde ficaram o pai e os avós.
Apesar de estar só há dois anos em Portugal, fala português e congratula-se com a ajuda que sempre teve em Lisboa, apesar de não esquecer que está noutro país.
Depois de ir de Kiev para Lisboa, onde reside há cinco anos, Oleksandra Kostiuk afirmou hoje à Lusa que se assinala uma “data triste”, de um conflito que tem “dois anos em grande escala, mas no fundo são 10 anos de guerra na Ucrânia”.
“O maior desejo é a vitória e paz em todo o território. A Ucrânia tem que continuar a existir como nação livre forte”, disse.
Com familiares a viver na Ucrânia, a jovem referiu que “a guerra continua a fazer parte da vida deles, mesmo em territórios que não são diretamente afetados”.
“Não existe vida pacífica na Ucrânia, cada um continua a sentir-se ameaçado pela invasão russa”, frisou.
Outras cidades portuguesas e de outros países receberam hoje manifestações de apoio à Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O conflito provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.
Comentários