”Penso que a toma [do medicamento hidroxicloroquina] termina dentro de um ou dois dias. Penso que são dois dias”, explicou Donald Trump, citado pela agência Efe, em declarações prestadas à imprensa na Casa Branca.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira que estava a tomar, a título preventivo, um medicamento usado no tratamento da malária, cuja eficácia contra o novo coronavírus não está comprovada.
“Já o tomo há semana e meia […], um comprimido por dia”, disse Trump, surpreendendo os jornalistas.
O Presidente dos Estados Unidos, que é o país com mais mortos (91.938) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões), estendeu-se em explicações sobre a opção de tomar hidroxicloroquina.
“Ficariam surpreendidos com a quantidade de pessoas que o tomam, em particular aquelas que estão na linha da frente. Não me vai fazer mal”, assegurou, recordando que a hidroxicloroquina (e também a cloroquina) é utilizada para tratar o paludismo há quatro décadas.
“Conhecem a expressão ‘o que temos a perder?'”, perguntou aos jornalistas.
Já em março, Trump confessava que a possibilidade de a hidroxicloroquina poder “alterar a situação” da pandemia era “muito excitante”.
Porém, não há provas da eficácia de nenhuma das substâncias usualmente utilizadas para tratar doentes com malária em doentes com covid-19.
Ao contrário, a agência norte-americana do medicamento desaconselhou a utilização destes fármacos “fora do meio hospitalar ou de ensaios clínicos, devido ao risco de complicações cardíacas”.
Segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, a utilização de hidroxicloroquina não melhorou nem piorou significativamente o estado dos pacientes gravemente doentes com covid-19.
Por outro lado, um especialista das Nações Unidas já alertou para os riscos da utilização preventiva de cloroquina e hidroxicloroquina.
Em resultado dos comentários do Presidente dos Estados Unidos, muitos países começaram a adquirir e a usar as substâncias, embora sem provas suficientes da sua eficácia, o que “tem causado enormes tensões no mercado internacional e tem limitado o acesso a este produto”, assinalou Pedro Alonso Fernández, um dos maiores especialistas mundiais em malária.
A pandemia do novo coronavírus já matou 325.232 pessoas e infetou mais de 4,9 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 19:00 TMG de hoje, baseado em dados oficiais.
Comentários