O projeto foi apresentado pelos curadores, Nuno Brandão Costa e Sérgio Mah, no Palácio da Ajuda, em lisboa, na presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, da diretora-geral das Artes, Paula Varanda, e de vários arquitetos e artistas envolvidos.
"Public Without Rethoric" vai ficar instalado no Palazzo Giustinian Lolin, sede da Fundação Ugo e Olga Levi, junto ao Grande Canal, em Veneza, entidade com a qual a Direção-Geral das Artes, organizadora da representação portuguesa, assinou um protocolo de utilização para este ano.
André Cepeda, Catarina Mourão, Nuno Cera e Salomé Lamas foram os quatro artistas convidados a criar filmes sobre os edifícios selecionados.
Questionada pela agência Lusa sobre o montante disponibilizado para a representação de Portugal na 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, Paula Varanda indicou que o valor global é de 450 mil euros, tendo 200 mil euros sido atribuídos aos autores do projeto português, e 250 mil euros para o aluguer do espaço durante os seis meses do decurso da exposição, incluindo despesas de manutenção.
Aos jornalistas, no final da apresentação, Nuno Brandão Costa explicou que "a ideia da exposição é fazer uma pequena história da construção do edifício público, por arquitetos portugueses no período de uma década, desde o início da crise económica, em 2007, até 2017, tentando representar edifícios com programas muito distintos, focando sobretudo as questões da forma, da morfologia urbana e da construção".
"Nesse ponto de vista, é uma exposição bastante disciplinar. Incide sobre a questão da arquitetura, e os edifícios escolhidos também tentam apanhar todas as gerações de arquitetos portugueses no ativo, hoje, em Portugal, construindo não só em Portugal, mas também fora" do país, apontou, acrescentando que se trata de "uma exposição transgeracional”, que abrange arquitetos nascidos desde os anos 1930 até aos anos 1980.
Questionado pela Lusa sobre as razões do destaque dado aos edifícios públicos neste projeto, o arquiteto e curador disse que advém da sua construção, "que tem uma dupla importância: de morfologia, na qualificação da cidade, e, por outro lado, social, porque é um momento de equivalência social".
"Neste período, que corresponde ao período da crise, houve uma retórica, nomeadamente política, contra a construção deste tipo de obras, consideradas uma circunstância despesista e, por isso, nós destacamos estes aspetos: qualificar as cidades e introduzir a oportunidade social", através dos edifícios públicos.
Por seu turno, o curador Sérgio Mah apontou que a exposição mostra, no piso nobre do palácio onde será instalada, em Veneza "a abordagem clássica, disciplinar, com as maquetas, desenhos técnicos” e, no átrio do monumento, “um conjunto de filmes de quatro artistas portugueses com percursos consolidados".
Os convites aos artistas foram feitos "para desenvolver um olhar mais experiencial sobre os tempos, ocupação de área, apropriação do espaço pelas pessoas para quem se destinam estes edifícios públicos".
Entre eles está o artista André Cepeda, que explicou aos jornalistas que criou filmes sobre três edifícios do Porto, numa abordagem que "tem muito a ver com a complexidade e arquitetura de cada projeto".
"O meu olhar tem muito mais a ver com uma relação contemporânea, que é a apropriação do espaço e a forma como os edifícios são vivenciados e com o tempo, que os vai degradando, ou tornando-os mais interessantes", numa visão expressa através da imagem e do movimento.
Por sua vez, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes sublinhou a projeção da arquitetura portuguesa: "A nossa arquitetura é uma realidade cultural que dá imensa grandeza e afirmação aos ao nosso país e aos nossos criadores".
"Também é um fator económico, na medida em que a arquitetura tem um papel importante na criação de riqueza: produção de beleza, criação de riqueza", salientou.
Os 12 edifícios de arquitetos portugueses que vão ser incluídos na exposição dividem-se pelo país e estrangeiro, com três localizados nos Açores: Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande (João Mendes Ribeiro e Menos é Mais - Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos), Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo (Inês Lobo) e Centro de Visitantes da Gruta das Torres, no Pico (SAMI - Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira).
De Lisboa integram a lista o Teatro Thalia (Gonçalo Byrne e Barbas Lopes Arquitetos, Diogo Seixas Lopes e Patrícia Barbas) e o Terminal de Cruzeiros (João Luís Carrilho da Graça).
No Porto, são vários os edifícios que vão constar da representação portuguesa: I3S - Instituto de Inovação e Investigação em Saúde (Serôdio Furtado Associados - Isabel Furtado e João Pedro Serôdio); Molhes do Douro (Carlos Prata); Pavilhões Expositivos Temporários, "Incerteza Viva: Uma exposição a partir da 32ª Bienal de São Paulo", Parque de Serralves (depA - Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luís Sobral, Diogo Aguiar Studio, FAHR 021.3 - Filipa Fróis Almeida e Hugo Reis, Fala Atelier - Ana Luísa Soares, Filipe Magalhães e Ahmed Belkhodja e Ottotto, Teresa Otto).
A lista de obras selecionadas inclui ainda o Hangar Centro Náutico, em Montemor-o-Velho (Miguel Figueira) e o Parque Urbano de Albarquel, em Setúbal (Ricardo Bak Gordon).
Fora de Portugal encontram-se o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, em Tours, França (Aires Mateus e Associados - Manuel e Francisco Aires Mateus) e a Estação de Metro Município, em Nápoles, Itália (Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura e Tiago Figueiredo).
A inauguração oficial do pavilhão de Portugal está prevista para o dia 24 de maio, pelas 16:00, no Palácio Giustinian Lodin e a 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza estará patente ao público entre 26 de maio e 25 de novembro de 2018.
No valor global da verba disponível para o projeto está incluído um apoio mecenático de 15 mil euros da Fundação Millennium BCP.
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