No arquipélago há 10 círculos eleitorais (um por cada ilha e um de compensação). No de São Miguel, o que elege mais mandatos, o sorteio da ordem das onze forças no boletim de voto colocou em primeiro lugar a coligação PSD/CDS-PP/PPM, seguindo-se a ADN, a CDU (PCP/PEV), o PAN, a coligação Alternativa 21 (Aliança/Partido da Terra, que entretanto viram a candidatura rejeitada e só concorrem em Santa Maria), a IL, o Chega, o BE, o PS, o JPP e o Livre.

Eis uma síntese do percurso das várias forças políticas nas eleições regionais, seguindo a ordem do boletim de voto:

1 - Coligação Partido Social-Democrata/Partido Popular/Partido Popular Monárquico (PSD/CDS-PP/PPM)

O PSD regressou ao governo nos Açores em 2020, depois de 24 anos na oposição, numa coligação pós-eleitoral com o CDS-PP e com o PPM.

O acordo celebrado entre os três partidos foi assumido para duas legislaturas e previa a candidatura em coligação nas legislativas regionais seguintes, de acordo com o peso de cada partido nos resultados de 2020.

Com candidaturas nos 10 círculos, a coligação apresenta José Manuel Bolieiro, advogado, presidente do PSD/Açores e chefe do executivo açoriano, como cabeça de lista pelo círculo de São Miguel, e Paulo Estêvão, professor e líder do PPM, como primeiro candidato no Corvo, por onde é eleito deputado desde 2008.

O líder regional do CDS-PP, Artur Lima, médico dentista e deputado desde 2005, é número dois na lista da coligação pela ilha Terceira e os centristas encabeçam ainda os círculos eleitorais de São Jorge e da compensação, onde também tinham elegido deputados em 2020.

Os social-democratas governaram a região nos primeiros 20 anos de autonomia, tendo como presidentes Mota Amaral e Alberto Madruga da Costa (no último ano), antes de Carlos César, do PS, assumir a liderança do executivo, em 1996, num governo sem maioria absoluta.

Em 2020, o PS voltou a vencer as eleições sem maioria, mas o PSD conseguiu reunir apoios à direita para alcançar a maioria no parlamento, com a coligação e acordos de incidência parlamentar com Chega e IL.

O executivo conseguiu ver aprovados três Orçamentos, mas o último do mandato foi chumbado com os votos contra de PS, BE e IL e a abstenção de Chega e PAN, o que levou o Presidente da República e dissolver o parlamento.

Nas últimas regionais, o PSD ficou em segundo lugar, com 35.094 votos (35,05%), aumentando o número de mandatos de 19 para 21.

O CDS-PP foi a terceira força política, com 5.739 votos (2,41%), mas baixou de quatro para três mandatos.

Já o PPM, que até então só tinha elegido deputados pelo Corvo, conseguiu um deputado em coligação com o CDS-PP naquela ilha, com 115 votos (0,11%), e outro pela ilha das Flores, tendo obtido em toda a região, na candidatura sem coligação, 2.415 votos (2,41%).

2 - Alternativa Democrática Nacional (ADN)

A ADN, ex-Partido Democrático Republicano (PDR), concorre pela primeira vez às eleições legislativas regionais nos Açores com a nova sigla, apresentando candidaturas em todos os círculos eleitorais.

O PDR concorreu às eleições legislativas dos Açores em 2016, obtendo 83 votos (0,09%), mas não apresentou candidatura no ato eleitoral seguinte.

O partido passou a designar-se como ADN em 2021, tendo concorrido às legislativas nacionais em 2022, quando obteve 10.874 votos (0,2%), e às regionais da Madeira em 2023, nas quais foi o partido menos votado, com 617 votos (0,47%).

O empresário Rui Matos, coordenador da ADN nos Açores, é o cabeça de lista pelos círculos eleitorais de São Miguel e da compensação.

Foi líder do Partido Democrático do Atlântico (PDA), o único partido que tinha sede nos Açores, extinto em 2015, e nas eleições autárquicas de 2017 concorreu à Câmara Municipal de Ponta Delgada, pelo PPM.

3 - Coligação Democrática Unitária (CDU)

A CDU, que junta o Partido Comunista Português (PCP) e o partido ecologista "Os Verdes" (PEV), candidata-se em todos os círculos eleitorais para tentar regressar ao parlamento açoriano.

O coordenador regional do PCP, Marco Varela, que em 2020 encabeçou a lista do partido pela ilha do Corvo, não integra as listas em 2024.

Além de cabeça de lista pelo círculo do Faial, que já elegeu um deputado no passado, Paula Decq Mota, professora, é também a primeira candidata do círculo de compensação.

A coligação, que concorreu pela primeira vez às legislativas açorianas em 1976, esteve duas eleições sem apresentar listas, mas em 1988, pelas Flores, elegeu o seu primeiro deputado, que se manteve no parlamento durante quatro mandatos.

Em 2000, o PCP conquistou um segundo deputado pela ilha do Faial, mas na legislatura seguinte perdeu a representação parlamentar.

Regressou à Assembleia Legislativa dos Açores em 2008, com um deputado pelo círculo da compensação, que se manteve por dois mandatos, e em 2016 voltou a eleger um deputado pelas Flores.

Nas últimas eleições, o partido baixou o número de votos de 2.437 (2,76%) para 1.741 (1,74%), e deixou novamente de ter representação no hemiciclo.

4 - Pessoas-Animais-Natureza (PAN)

O PAN concorre às legislativas regionais dos Açores desde 2012, mas só em 2020 conseguiu eleger um deputado, pelo círculo de compensação, com 2.005 votos (2%).

Depois de nas últimas eleições ter concorrido em seis ilhas, apresenta, pela primeira vez, candidaturas nos 10 círculos eleitorais disponíveis.

Assessor político e de comunicação, Pedro Neves, porta-voz do partido no arquipélago desde 2016, foi eleito deputado em 2020 e concorre pela terceira vez como cabeça de lista pelos círculos eleitorais de São Miguel e da compensação.

Em 2020, Pedro Neves afastou a possibilidade de um acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP/PPM, alegando que não viabilizaria uma solução governativa com o apoio do Chega.

Na votação do primeiro Orçamento da região do mandato, o PAN absteve-se, no segundo votou contra, mas no terceiro votou a favor.

No orçamento para 2024, Pedro Neves voltou a abster-se, mas o voto favorável não teria sido suficiente para aprovar o documento, chumbado por PS, BE e IL, contando ainda com a abstenção do Chega.

O PAN elegeu o primeiro deputado em Portugal nas legislativas regionais da Madeira, em 2011, e voltou ao parlamento madeirense em 2023, assinando um acordo de incidência parlamentar com o PSD, que governa a região em coligação com o CDS-PP.

5 - Alternativa 21 (MPT/Aliança)

A coligação Alternativa 21, que junta o Aliança e o Partido da Terra (MPT), apresentou listas em todos os círculos eleitorais nos Açores, mas apenas uma foi aceite pelo tribunal.

Concorre, assim, apenas no círculo eleitoral da ilha de Santa Maria, que elege três deputados, onde apresenta José Olívio Arranhado como primeiro candidato.

O MPT apresenta-se a eleições nos Açores desde 2004, tendo concorrido em seis círculos eleitorais em 2020 e obtido 157 votos (0,16%).

Já o Aliança candidatou-se apenas a um ato eleitoral arquipélago, em 2020, com listas nas duas maiores ilhas, Terceira e São Miguel, e no círculo de compensação, que lhe valeram 422 votos (0,42%).

6 - Iniciativa Liberal (IL)

A IL concorreu pela primeira vez às legislativas regionais nos Açores em 2020, elegendo um deputado.

Com listas em apenas duas ilhas, o partido obteve 2.012 votos (2,01%), que permitiram a eleição do empresário Nuno Barata pelo círculo de compensação (que reúne os votos não aproveitados nos círculos de ilha).

O coordenador regional, que já tinha sido deputado pelo CDS-PP, candidata-se pela segunda vez pela IL, encabeçando as listas de São Miguel e da compensação, mas nestas eleições o partido concorre em oito círculos.

Em 2020, a IL assinou um acordo de incidência parlamentar com o PSD, que contribuiu para que a coligação PSD/CDS-PP/PPM tivesse o apoio da maioria dos deputados na Assembleia Legislativa e formasse governo.

Em março de 2023, Nuno Barata rasgou o acordo, alegando incumprimento por parte do PSD, e em novembro votou contra as propostas de Plano e Orçamento da região para 2024, que acabaram por ser chumbadas, também com os votos contra de PS e BE e a abstenção de Chega e PAN.

A IL tem representação parlamentar na Assembleia da República desde 2019, ano em que elegeu um deputado, passando a oito, em 2022. No ano passado, conseguiu o primeiro mandato na Assembleia Legislativa da Madeira.

7 – Chega (CH)

O Chega elegeu dois deputados na primeira vez em que se apresentou a eleições nos Açores, em 2020, com 5.262 votos (5,26%), mas passados nove meses o líder regional, Carlos Furtado, abandonou o partido e passou a deputado independente.

Em 2024, o Chega concorre em todas as ilhas, chegando ao grupo Ocidental (Flores e Corvo), onde não apresentou candidaturas nas últimas eleições.

José Pacheco, deputado eleito pelo círculo de compensação e atual líder regional do partido, candidata-se novamente, desta vez encabeçando também a lista de São Miguel. Designer gráfico, foi adjunto do grupo parlamentar do CDS-PP e deputado municipal pelo PSD na Lagoa.

Crítico do acordo de incidência parlamentar com PSD, CDS-PP e PPM assinado por Carlos Furtado, em 2020, e que permitiu à coligação de direita formar governo, José Pacheco ameaçou por várias vezes rasgar o entendimento.

Pela primeira vez, em novembro de 2023, absteve-se na votação das propostas de Plano e Orçamento, mas o seu voto favorável não teria sido suficiente para aprovar o documento, que foi chumbado com os votos contra de PS, BE e IL, contando também com a abstenção do PAN.

O Chega elegeu pela primeira vez um deputado à Assembleia da República em 2019, mas em 2022 aumentou o grupo parlamentar para 12 deputados e no ano passado conseguiu ter pela primeira vez mandatos atribuídos na Assembleia Legislativa da Madeira, com quatro eleitos.

8 - Bloco de Esquerda (BE)

O BE volta a candidatar-se em todos os círculos eleitorais nos Açores, apresentando António Lima como primeiro candidato por São Miguel e pela compensação.

Deputado desde 2017 e coordenador do partido nos Açores desde 2018, o professor concorre pela segunda vez como cabeça de lista, depois de ter substituído a anterior líder regional do BE, Zuraida Soares.

O partido apresenta-se a eleições no arquipélago desde 2000, tendo conquistado os primeiros dois deputados em 2008 e mantido a presença no parlamento açoriano nas três eleições seguintes, com um a dois deputados.

Em 2020, o Bloco reforçou o número de votos, passando de 3.414 (3,87%) para 3.962 votos (3,96%), mas obteve o mesmo número de mandatos: um por São Miguel e outro pela compensação.

9 - Partido Socialista (PS)

Nas eleições de 4 de fevereiro, o PS apresenta pela quarta vez como cabeça de lista pelo círculo eleitoral de São Miguel Vasco Cordeiro, advogado, ex-presidente do Governo Regional e atual presidente do Comité das Regiões Europeu.

O partido, que esteve na oposição durante os primeiros 20 anos de autonomia, venceu as eleições em 1996, com Carlos César, que governou a região até 2012, apenas no primeiro mandato sem maioria absoluta.

Limitado a três mandatos seguidos como presidente do governo, Vasco Cordeiro, que tinha sido secretário regional em anteriores executivos, chefiou o Governo Regional entre 2012 e 2020, com maioria absoluta.

Ao fim de 24 anos de governação, o PS venceu as eleições, com Cordeiro, em 2020, mas perdeu a maioria no parlamento e o PSD formou governo, em coligação com CDS-PP e PPM, com acordos parlamentares com Chega e IL.

Pela primeira vez na história da autonomia um ex-presidente do Governo Regional assumiu o lugar de deputado na oposição.

Em 2020, o PS venceu com 40.703 votos (40,65%), mas perdeu cinco mandatos, baixando de 30 para 25 deputados, de um total de 57 possíveis.

O partido, que elegeu deputados por todas as ilhas, volta a apresentar listas nos 10 círculos.

10 - Juntos Pelo Povo (JPP)

Criado na Madeira, com raízes num movimento de cidadãos, o JPP apresenta-se pela primeira vez a eleições nos Açores, com candidaturas em seis círculos.

O cabeça de lista nos círculos de São Miguel e da compensação é Carlos Furtado, ex-líder regional do Chega, que passou a deputado independente nove meses depois de ter sido eleito, em rutura com o líder nacional do partido.

Antes, o empresário de São Miguel tinha sido militante do PSD, partido pelo qual foi vereador da Câmara Municipal da Lagoa.

Enquanto líder regional do Chega, Carlos Furtado assinou um acordo de incidência parlamentar com PSD, CDS-PP e PPM, que garantia, em conjunto com um acordo entre PSD e IL, a maioria de deputados no parlamento à coligação de direita.

Quando passou a independente, garantiu que mantinha o apoio à coligação e, apesar de ter anunciado o fim desse apoio em março de 2023, votou favoravelmente todas as propostas de Plano e Orçamento, incluindo as de 2024, que foram chumbadas.

Em 2023, o JPP foi a terceira força política mais votada na Madeira, com 14.933 votos (11,33%) e cinco deputados, resultado que o partido já assumiu querer replicar nos Açores.

11 – Livre (L)

O Livre apresenta a sua terceira candidatura às legislativas regionais dos Açores, mas pela primeira vez concorre em todos os círculos eleitorais.

O professor universitário José Azevedo, porta-voz do partido na região, concorre pela terceira vez como cabeça de lista pelos círculos eleitorais de São Miguel e da compensação.

Em 2019, o partido conseguiu ter pela primeira vez representação na Assembleia da República, que manteve em 2022, e agora espera replicar esse resultado nos Açores, embora não o tenha conseguido na Madeira em 2023.

Com listas em apenas duas ilhas, em 2020, o Livre obteve 362 votos (0,36%) nas eleições legislativas regionais dos Açores, mais do que os alcançados em 2016 (227 votos, equivalentes a 0,26%).