Foi um "yey" tímido de Hugo Almeida, que deu as boas novas aos jovens estudantes e funcionários da Critical Software que esperavam por notícias acerca da missão europeia em Marte, no 'hall' de entrada da empresa.

O satélite tinha conseguido ficar na órbita de Marte, que era "o objetivo central" da missão, explanou um funcionário da Critical, num momento em que faltava confirmar em que condições é que o módulo Schiaparelli terá aterrado na superfície do planeta vermelho, depois do falhanço com o Beagle 2, há mais de uma década.

Na Critical, seguiram-se algumas palmas e imagens de celebração na Agência Espacial Europeia (ESA).

Portugal participa na viagem até Marte, com a primeira de duas missões europeias, intitulada ExoMars, para procurar sinais de vida no planeta, levando a bordo tecnologia de três empresas portuguesas, duas de Coimbra e uma do Porto.

Com uma 'esperança de vida' de quatro anos, o satélite, Trace Gas Orbiter (TGO), vai procurar gases rarefeitos na atmosfera de Marte, em particular metano, um indicador de que pode haver, ou ter havido, sinais de vida biológica no 'planeta vermelho'.

O facto de o TGO ter ficado em órbita deu "um grande prazer" à equipa da Critical que trabalhou no satélite, disse à agência Lusa Hugo Almeida, quando ainda estava "ansioso" e à espera de toda a informação para saber o que tinha acontecido ao módulo Schiaparelli, que terá aterrado hoje em Marte (desconhece-se ainda em que condições).

"No fundo, é a realização do trabalho, que tecnicamente é bom e que demonstrou que era capaz", sublinhou.

No meio de tudo, Hugo considera que há algo de "bastante romântico" ao ver que o seu trabalho "está no espaço". "Se fosse para uma torradeira e estivesse no espaço, era uma torradeira no espaço", sublinhou.

Hugo Almeida trabalha nesta missão desde o final de 2012, através da Critical, tendo começado por fazer "validação do ‘software'" e, posteriormente, esteve em Cannes, onde pôde ver o satélite e fazer validação do 'hardware'.

"A gente vai de carro para Lisboa e há muita coisa que pode correr mal. Agora, imagine para Marte, em que a estrada, se calhar, tem menos buracos e menos trânsito, mas há muita coisa que pode correr mal", realçou o diretor técnico da Critical para esta área, João Esteves.

Para João Esteves, a confirmação de que o satélite ficou na órbita de Marte foi um "momento de grande realização" para toda a equipa da Critical.

Na Active Space Technologies, vizinhos da Critical no Parque Industrial de Taveiro, em Coimbra, também se viveu uma tarde de muita expectativa e ansiedade, fazendo-se alguns intervalos para se ir acompanhando a missão, afirmou à Lusa o diretor executivo da empresa, Ricardo Patrício.

Esta empresa de Coimbra teve um papel "reduzido" nesta missão, tendo estado responsável pelos estudos térmicos e seleção dos melhores locais de aterragem do módulo Schiaparelli.

O módulo tem por objetivo servir à Europa para testar a tecnologia de entrada, descida e aterragem em Marte, em segurança, a pensar em futuras missões.

O Schiaparelli terá aterrado, mas ainda não se sabe em que condições e, na Active Space, continua-se a "esperar ansiosamente" por mais informações de um módulo que vai ajudar a preparar a missão Exomars 2020, onde a empresa também participa, referiu.

Para o fundador da Critical Software, Gonçalo Quadros, hoje foi um momento de celebração "do conhecimento da humanidade", num tempo como nunca houve de se poder "mudar tanto o mundo".

O ExoMars inclui uma segunda missão, que prevê o envio para Marte, em 2020, de um veículo robotizado, o primeiro europeu no planeta, que vai andar na superfície e recolher e analisar amostras do subsolo que possam conter sinais de vida passada, ou até presente.

A Agência Espacial Europeia (ESA) espera saber exatamente "o que aconteceu", na quinta-feira de manhã.

“Não se deve retirar conclusões precipitadas”. “Saberemos amanhã [quinta-feira] de manhã” o que aconteceu ao módulo Schiaparelli, disse o chefe da divisão de operações da ESA, Paolo Ferri, citado pelas agências internacionais de notícias.

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