De acordo com o Jornal de Notícias, membros das comunidades a viver na Suíça e na Alemanha foram alvo de pressões para não viajar para Portugal neste verão.
Ao diário, os entrevistados disseram que foram “aconselhados” a não passar férias no seu país de origem, pois poderiam não ser pagos ou perder o emprego devido à necessidade de cumprir quarentena.
As pressões, refere o jornal, não se justificam já que nos dois países supracitados, tal como a grande maioria onde existem comunidades portuguesas, não há restrições de viagem terrestre ou aérea em vigor. No entanto, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas confirmou que as meras ameaças funcionaram para demover os emigrantes.
"Os líderes das comunidades com quem temos conversado, disseram-nos que alguns patrões que dizem: 'Se fores a Portugal e se tiveres de fazer quarentena, não te pago a quarentena e podes ter problemas no trabalho'". Isso retrai as pessoas, sobretudo quando os empregos são um pouco precários", disse Berta Nunes.
Contudo, a secretária de Estado lembra que em países em que as comunidades de portugueses são numerosas, como Alemanha, Suíça, França, Espanha ou Luxemburgo, "não há nenhuma restrição a vir para Portugal nem a ir".
"Nessas grandes comunidades, com exceção com o Reino Unido com quem temos um problema particular, todos os nossos emigrantes podem ir e vir. A expectativa é que não haja nenhum problema nem à vinda nem à volta", sublinhou.
Ontem, o Governo anunciou uma estimativa de que 60% dos emigrantes viriam passar férias a Portugal, com base nas perceções dos líderes das comunidades portuguesas no estrangeiro.
Na apresentação do Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora, Berta Nunes sublinhou que não há certezas neste número, porque "na fronteira terrestre não há controlo" e só no fim de agosto, através das informações das autarquias "será possível saber se vieram como habitual ou muito menos".
O Governo está a tentar, revelou, através das operadoras de telecomunicações, somar dados de "quantos portugueses com telemóvel português atravessaram a fronteira", de modo a melhorar a monitorização das entradas.
Esse controlo, que atualmente não existe, vai permitir ter informação mais rigorosa do peso dos emigrantes nos fluxos turísticos:
"Temos a noção de que grande parte dos nossos turistas são emigrantes ou lusodescendentes. Essa é uma forma de ajudar o país que não tem grande visibilidade, porque não temos esses números. Esta é mais uma razão para os queremos ter", disse Berta Nunes, referindo-se às entradas de emigrantes.
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, que estará sábado, ao final da manhã, na fronteira de Vilar Formoso para "ter mais perceção de como está a vinda dos emigrantes", mostrou-se ainda preocupada com os efeitos económicos nas comunidades de origem.
"Toda esta crise sanitária está a levar-nos a uma crise económica que tem várias componentes e esta é mais uma", porque a quebra no número de regressos nas férias "traduz-se também numa menor dinamização da economia local e também em mais problemas".
Segundo Berta Nunes, o Governo espera que "venham todos aqueles que puderem", embora seja certo que "alguns não virão porque estão desempregados, perderam rendimentos ou têm problemas no trabalho".
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