O coordenador da direção regional de Leiria do SEP, Ivo Gomes, disse à agência Lusa que não é possível dar respostas adequadas, tendo em conta a “situação caótica que se vive no serviço de urgência” (SU) do hospital de Leiria da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL).
Ivo Gomes explicou que se verifica uma acumulação de doentes sem a adequada dotação das equipas de enfermagem.
“Temos alertado as chefias e o conselho de administração para esta situação. Os utentes ficam internados numa maca na urgência com uma luz 24 horas sobre si. Não há qualquer qualidade nos cuidados prestados”, denunciou.
O enfermeiro apontou ainda que os profissionais “estão exaustos e em ‘burnout'”, pois acumulam horas extra, solução que Ivo Gomes afirmou ser encontrada pelo conselho de administração da ULSRL para resolver a falta de enfermeiros.
Segundo o delegado sindical, já foram cumpridas mais de três mil horas extra.
A equipa da urgência é constituída por cerca de 130 enfermeiros.
“Precisaríamos de, pelo menos, mais 20. A área de influência aumentou, mas o número de enfermeiros não”, lamentou.
“Os enfermeiros ficam com a sua cédula em risco. Não se pode continuar a carregar sobre os mesmos com turnos extra. Já faltam enfermeiros há algum tempo, há colegas a reformarem-se e continuamos a ter mais de 100 enfermeiros precários. Precisamos que sejam realizados vínculos definitivos”, reforçou.
Em reunião com o SEP, no dia 10, os enfermeiros do SU de Leiria decidiram elaborar um documento, “onde estarão elencadas as questões problemáticas e as devidas sugestões para as resolver, com a finalidade de o apresentar ao CA, estabelecendo um prazo para a resolução dos problemas”.
“O SEP reitera que esta degradação consecutiva das condições de trabalho e o desprezo institucional pela carreira dos enfermeiros têm consequências desastrosas na organização dos serviços de saúde, com particular gravidade no SU”, referiu a organização sindical, num comunicado.
Ivo Gomes informou ainda que o SEP enviou, no dia 28 de março, um pedido de reunião com o conselho de administração, ao qual ainda não obteve resposta.
A agência Lusa tentou obter mais esclarecimentos junto do conselho de administração da ULSRL, mas até ao momento tal não foi possível.
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