“São manifestações de protesto individual [greve de fome] que respeito e que me merecem preocupação, mas que não gostaria de comentar para além de confirmar que falei hoje com o presidente do Sindepor, manifestando a minha preocupação e dirigindo o apoio que dirigi aos outros dirigentes sindicais”, disse Marta Temido.
A governante falava aos jornalistas no final de uma reunião entre as várias entidades envolvidas no processo de construção da ala pediátrica do Centro Hospitalar de São João, no Porto, a funcionar em contentores há cerca de dez anos.
A titular da pasta da Saúde apelou para que se sentem a tratar de outros temas, que não a carreira de enfermagem, que também existem e que os enfermeiros reconhecem ser importantes.
O presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, admitiu suspender a greve de fome nas próximas horas, depois de a ministra ter anunciado hoje que vai retomar as negociações com os sindicatos.
Carlos Ramalho, que entrou em greve de fome na quarta-feira e está desde esse dia nos jardins em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, disse que só terminaria o protesto quando o Governo retomasse as negociações com o Governo.
Hoje, Marta Temido anunciou que o Governo pretende retomar, até aos primeiros dias de março, as reuniões negociais com as estruturas sindicais dos enfermeiros sobre temas como “a organização do tempo de trabalho e a avaliação de desempenho”.
O Conselho de Ministros decretou em 07 de fevereiro uma requisição civil na greve dos enfermeiros em curso desde 31 de janeiro nos blocos operatórios de quatro centros hospitalares, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
A “greve cirúrgica” foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindepor em dez centros hospitalares, até 28 de fevereiro, depois de uma paralisação idêntica de 45 dias no final de 2018.
As duas greves foram convocadas após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos numa plataforma ‘online’ para financiar as paralisações, conseguindo um total de 740 mil euros.
Os principais pontos de discórdia são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.
A requisição civil foi contestada pelo Sindepor no Supremo Tribunal Administrativo, que se deverá pronunciar nos próximos dias.
No final da semana passada, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República considerou que a greve é ilícita, um parecer que foi de imediato homologado pela ministra da Saúde, ordenando a marcação de faltas injustificadas aos enfermeiros em greve a partir de hoje.
A ASPE pediu a suspensão imediata da paralisação, mas o Sindepor vai mantê-la e o seu presidente iniciou uma greve de fome.
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