A decisão da ERC, a que a Lusa teve acesso, reprova “veementemente o operador televisivo identificado pela sua conduta, da qual esteve ausente qualquer propósito sério de informar”, considerando que a divulgação de ‘e-mails’ do Benfica no programa Universo Porto de Bancada é suscetível de acarretar “irreparável afetação do bom nome e reputação da queixa e de terceiros”.
Na deliberação da ERC, conclui-se que o “modelo folhetinesco semanalmente levado a cabo” pelo Porto Canal, “a pretexto de um interesse público associado a uma denominada ‘verdade desportiva’” e sob “a aparência de um trabalho de investigação jornalística”, na qual denunciava alegadas práticas criminosas do Benfica ou pessoas a ele ligada, “traduz-se afinal num exercício inconsequente e em cujo âmbito são ignoradas elementares exigências aplicáveis à atividade jornalística”.
Por outro lado, a decisão sublinha “que pertence ao foro judicial o apuramento de eventuais ilícitos” e informa que deu conhecimento da deliberação “à Comissão da Carteira Profissional de Jornalista para os fins por esta tidos por convenientes”.
Na deliberação, o órgão considera procedente a queixa dos lisboetas e recomenda ao Porto Canal “o respeito escrupuloso pelos direitos fundamentais de terceiros em programas transmitidos sob a sua responsabilidade”.
A decisão foi assinada pelos membros do Conselho Regulador Sebastião Póvoas, Francisco Azevedo e Silva, Fátima Resende e João Pedro Figueiredo, além de Mário Mesquita, que se absteve.
Ambos os clubes reagiram à deliberação, com os ‘encarnados’ a congratular-se com a decisão que considera que “de forma inequívoca condena e sanciona duramente a conduta do Porto Canal e dá inteira razão ao Benfica”.
Por outro lado, num comunicado assinado pelo diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, o canal anuncia que “vai impugnar judicialmente a decisão da ERC”, explicando que este órgão recusou “que ao Porto Canal fosse concedido o direito de fazer prova, de ser ouvido, de argumentar”.
O diretor-geral defende as denúncias que “deram início a uma revolução no desporto português” e abriram várias investigações judiciais, e reforça a vontade de “continuar nesta luta pela verdade desportiva no quadro do seu direito à informação”, qualificando a decisão de “indigna”.
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