O pessoal não docente critica também a municipalização das escolas.
Em declarações à agência Lusa, Luís Esteves, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas, adiantou que tal como em muitas escolas, o Agrupamento Vergílio Ferreira vive uma situação grave de falta de pessoal.
De acordo com o sindicalista, todas as escolas do agrupamento estão hoje de manhã encerradas devido a este protesto.
Na escola Vergílio Ferreira “existem 1.208 alunos para 20 funcionários, mas apenas em teoria, dado que deste total, quatro estão de baixa e cinco em trabalhos melhorados e horário reduzido devido à idade", disse.
Para Luís Esteves, o ideal seria reforçar esta escola com mais 10 funcionários.
“O facto é que os trabalhadores passam em constante correria entre diversas escolas do Agrupamento para tentar colmatar as faltas de pessoal não docente. Esta situação leva a um grande desgaste, disse.
Segundo dirigente sindical, há funcionários que estão na Escola Secundária Vergílio Ferreira e terminam o turno noutra escola.
“Há um funcionário que sai daqui e vai entre as 16:00 e as 18:00 acabar o horário numa EB1. Temos mais situações assim. À hora de almoço não há nenhum funcionário na portaria. A escola tem um pavilhão com oito laboratórios e tem uma galeria de artes e uma sala de ensino especial só com uma trabalhadora até às 16:00”, contou.
Luís Esteves disse também ser lamentável que nem Ministério da Educação, nem a Câmara Municipal de Lisboa “queiram assumir que as escolas têm falta de trabalhadores não docentes.
“O processo está em trânsito e nesse meio termo estamos num vazio. Nem o Ministério da Educação agarra na situação nem a câmara. Estamos no limbo, mas nós já reunimos duas vezes com a autarquia e esta diz claramente que não quer contratar acima da portaria de rácios”, disse.
O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas considera que a portaria de rácio deveria ter em conta a dimensão dos estabelecimentos de ensino, teria de ser ajustado.
“Há uma escola ou outra em que o ministério meteu trabalhadores à hora até dezembro. Na nossa opinião, vai servir apenas de muleta e em janeiro o problema volta outra vez”, disse.
Também Lúcia Pereira, de 48 anos, funcionária da Escola Secundária Vergílio Ferreira contou à Lusa que trabalha nesta escola há 21 anos e que a falta de pessoal obriga os funcionários a dividir-se entre as escolas do agrupamento.
“Trabalho na portaria, mas há altura em que este fica sem ninguém ou porque tenho de limpar ou porque vou almoçar, etc. Não há ninguém para fazer a substituição”, disse, considerando que a situação tem de ser resolvida o mais rapidamente possível.
O Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira integra a EB D. Luís da Cunha, EB Lumiar, EB Luz Carnide, EB Prista Monteiro, EB S. Vicente, EB Telheiras, EB n.º 1 Telheiras, ES Vergílio Ferreira, JI Horta Nova e JI Telheiras.
O Ministério da Educação anunciou em fevereiro a contratação de 1.067 funcionários para as escolas e a criação uma bolsa que permitisse aos diretores substituir trabalhadores de baixa médica.
A medida dos ministérios da Educação e das Finanças tinha por objetivo dar uma resposta às inúmeras queixas de diretores que, em alguns casos, tiveram de encerrar serviços destinados aos alunos – como bar, biblioteca ou ginásios - ou mesmo que fechar a escola por falta de funcionários que garantissem a segurança dos estudantes.
(Notícia atualizada às 10h45)
Comentários