Por proposta do grupo municipal do PCP, os deputados aprovaram cinco recomendações, votadas uma a uma, com sentidos de voto diferentes, para que a câmara possa “enfrentar os problemas do estacionamento em Benfica encontrando soluções justas”.

Uma das recomendações é para que o executivo municipal, sob a presidência de Carlos Moedas (PSD), “diligencie no sentido da criação ou alargamento dos parques adstritos aos principais centros de serviços, como o Centro Comercial Colombo e o Hospital da Luz”, para promover a sua utilização pelos trabalhadores destes dois espaços e para aliviar a pressão sobre o estacionamento na freguesia de Benfica.

Essa proposta teve os votos contra de Iniciativa Liberal (IL), Aliança, CDS-PP e Chega e a abstenção do BE, Livre e dois deputados do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

Relativamente à recomendação de construção de "um parque dissuasor para o nó estratégico de transportes públicos do Colégio Militar”, foi viabilizada com os votos contra de Aliança e CDS-PP, a abstenção de Chega, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa.

No que toca à proposta de alargamento da "capacidade de estacionamento da estação de Benfica através da construção de um parque de estacionamento subterrâneo gratuito para os portares de título de transporte”, teve os votos contra de PSD, MPT e Chega, e a abstenção de BE, Livre, Cidadãos Por Lisboa, PAN, IL e Aliança.

Os partidos PEV, PCP, PS e PPM votaram a favor nas três propostas.

Com os votos contra de Chega e os votos a favor dos restantes, a assembleia pretende ainda que a câmara atue no sentido da melhoria de toda a rede de transportes públicos, a preços acessíveis, com qualidade e horários compatíveis com os horários de trabalho, mas também nos períodos de lazer dos cidadãos, de forma a incentivar a sua utilização.

Sem votos contra e a abstenção de BE, Livre, Cidadãos Por Lisboa, IL, CDS-PP, Aliança e Chega, outra das recomendações aprovadas é para que o executivo municipal se empenhe na “criação de novos lugares de estacionamento em superfície, altura e profundidade a par da construção de parques dissuasores na entrada da cidade com ligação a transportes públicos, e a aposta numa rede de transportes públicos de qualidade, tendencialmente gratuitos, e com horários regulares, que abranjam todas as vertentes da vida dos cidadãos”.

Durante a discussão das recomendações propostas pelo PCP, os deputados lembraram o referendo local sobre o alargamento do estacionamento tarifado, sob gestão da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), que foi realizado em 12 de fevereiro, no qual cerca de 80% dos votantes se manifestaram contra.

O PCP defendeu que não é a EMEL que vai criar mais estacionamento, o PEV reforçou a necessidade de parques dissuasores, o PSD realçou o investimento em transportes públicos gratuitos, o CDS-PP considerou que os parques dissuasores são “uma história da carochinha” que não resolve nenhum problema de mobilidade, a IL discordou do envolvimento das entidades privadas e da gratuitidade no estacionamento e o Livre recusou apoiar uma política de investimento no automóvel privado.

Da bancada do PS, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques, revelou que as habitações neste território não têm estacionamento em profundidade, nem garagens, e os arruamentos são estreitos, situação que se torna um problema quando existe em média 2,6 carros por cada fogo habitacional, pelo que é necessário investimento municipal para a construção de estacionamento em profundidade ou em silos verticais.

Na quarta-feira, na reunião pública descentralizada para ouvir os munícipes da freguesia de Benfica, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse que respeitará o parecer do presidente da junta sobre o alargamento do estacionamento pago.

Em 12 de fevereiro, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), anunciou que cerca de 80% dos 9.476 eleitores que votaram no referendo recusaram o alargamento do estacionamento pago nesta freguesia lisboeta.

Desde o início do processo, o presidente da junta disse que iria "respeitar a opção da maioria dos votantes e dar parecer no mesmo sentido", ficando o posicionamento da junta contra a entrada da EMEL em mais zonas de Benfica.