A manifestação, organizada pela Associação de Estudantes da instituição (AEFCSH), pretendeu protestar contra a decisão da direção da faculdade de não voltar às aulas presenciais a partir de 19 de abril, continuando o ensino à distância até ao final do semestre, à exceção das aulas práticas, das avaliações intercalares e dos exames.
"As aulas práticas aqui são muito poucas já para não falar que não vão acontecer todas presencialmente. Fica ao critério do docente. O que temos assistido nesta última semana é que a maioria dos docentes vai pela via das aulas 'online', mantendo ainda assim as avaliações e os exames presenciais", disse à Lusa o presidente da direção da AEFCSH, José Pinho.
Os estudantes consideraram a decisão da instituição contraditória, porque os alunos que residem fora de Lisboa têm de continuar a deslocar-se, por isso alguns não deixam de pagar as rendas.
"São muitos os estudantes que continuaram a pagar quarto na esperança legítima de regressar às aulas presenciais como tinha sido indicado pelo governo e pelo Ministério. Adicionalmente, os estudantes que estão nas residências públicas continuaram a pagar quarto para não perderem as vagas e a direção ao manter avaliações contínuas presenciais acaba por contradizer-se, porque os estudantes mesmo deslocados continuam a ter de se deslocar a Lisboa", disse José Pinho.
De acordo com o presidente da direção da AEFCSH, a decisão tomada pela faculdade também "não foi acompanhada das informações necessárias que deixassem os estudantes descansados" a nível da disponibilidade e segurança das salas de aula, o que deixou os alunos inseguros "sem saber o que fazer até ao final do semestre".
Os estudantes estão a favor do regime misto que foi implementado no semestre anterior em que as semanas se intercalavam entre ensino presencial e aulas à distância, porque têm sofrido consequências negativas a nível da saúde mental.
"Realizámos um inquérito no início deste semestre que teve cerca de 500 respostas, onde 90% dos inquiridos diziam que este confinamento e o ensino online estavam a ter consequências na sua saúde mental. Os problemas referem-se principalmente: a apatia, desmotivação, perturbações de sono e vão até situações mais graves como a depressão", referiu.
De acordo com os estudantes, a faculdade não tem recursos de apoio psicológico suficientes - há uma psicóloga para cinco mil alunos - e há falta de alojamento.
A direção da Nova-FCSH esclareceu à Lusa que "o ensino presencial continua a ser o modelo pedagógico que a faculdade privilegia. No entanto, num ano em que a pandemia afetou de modo significativo as finanças de muitas famílias portuguesas, e tendo-nos chegado muitas preocupações de alunos que são oriundos de fora de Lisboa, não faz qualquer sentido obrigar esses estudantes, que são em grande número, a regressar por poucas semanas, sobrecarregando-os e às suas famílias com custos de alojamento, alimentação e outras despesas".
A direção da faculdade garantiu também que, a partir de 19 de abril, vai reforçar o acompanhamento psicológico dos alunos, mas os manifestantes alertaram que a informação que têm é de que o reforço anunciado vai ser temporário e não há garantia que continue no futuro.
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