O trabalho teve como objetivo avaliar de que forma é que as pequenas partículas de plástico podem influenciar os organismos aquáticos, quer individualmente quer em exposições combinadas com outros contaminantes ambientais, explicou à Lusa o coordenador do estudo Marcelino Miguel Oliveira.
O estudo, que foi publicado na revista científica 'Science of the Total Enviroment', consistiu em expor os mexilhões, durante quatro dias, a plásticos que têm à volta de 100 nanómetros (cerca de 1000 vezes mais pequenos que o diâmetro de um cabelo), tendo sido observadas alterações a nível molecular e fisiológico nos moluscos.
“Vimos que os mexilhões têm uma menor capacidade de reparar os danos do ADN, verificando-se igualmente efeitos na resposta imunitária. Os resultados sugerem que uma exposição crónica poderá tornar os mexilhões mais sensíveis e suscetíveis a doenças”, adiantou o biólogo Marcelino Miguel Oliveira.
Apesar destes resultados, os responsáveis pelo estudo dizem não ser possível afirmar se estas nanopartículas afetam o Homem, adiantando que “ainda não existem dados disponíveis para tirar ilações”.
“Não podemos concluir que, havendo efeitos para mexilhões, exista efeito para os humanos, mas não se exclui essa possibilidade. O que podemos dizer é que os mexilhões conseguem acumular este tipo de partículas e o seu consumo pode potenciar a exposição dos humanos”, disse Marcelino Miguel Oliveira.
O trabalho foi realizado por investigadores do Departamento de Biologia da UA e CESAM, do Departamento de Física e CICECO (Instituto de Materiais de Aveiro) em parceria com a Universidade Autónoma de Barcelona e da Universidade de Múrcia (Espanha).
Os investigadores estão também a estudar os efeitos dos nanoplásticos em peixes marinhos e de água doce, avaliando igualmente o efeito em organismos na base da cadeia trófica (fito e zooplâncton).
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