“Este diagnóstico está muito em linha com aquilo que temos vindo a dizer desde o início do verão e que tem levado à tomada de medidas”, adiantou António Leitão Amaro, numa reação ao estudo hoje divulgado que indica que as escolas terão falta de professores com habilitação profissional a praticamente todas as disciplinas dentro de seis anos, caso não sejam tomadas medidas estruturais.

Em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, Leitão Amaro recordou que antes do início do ano letivo o executivo afirmou que o país estava “com um problema muito sério, não apenas para este primeiro ano, mas para os próximos”, de falta de professores e de alunos sem aulas.

“Este problema, que resulta de uma incapacidade de avaliação do que estava a acontecer na escola pública nestes últimos anos do Governo anterior, é sobretudo penalizador para os alunos das famílias mais carenciadas”, lamentou Leitão Amaro.

Isto porque, segundo o ministro, os alunos que não tiverem professores, se as “famílias não forem mais ricas, não podem pagar explicações de compensação”.

Leitão Amaro enumerou ainda várias medidas que o Governo já tomou, como a atração de professores que estão aposentados, concurso de recrutamento excecional e possibilidade de bolseiros de investigação poderem disponibilizar parte do seu horário para darem aulas.

“Nem todas resultarão tão bem como esperávamos - é sempre assim - e outras poderão resultar melhor”, reconheceu o ministro da Presidência, avançando que estas medidas serão avaliadas ao longo do tempo.

“É um conjunto de medidas que já tomámos e que vamos avaliando e, à medida que vamos avaliando, se forem necessárias mais, mais adotaremos, porque temos de garantir que os alunos, sobretudo os que partem de uma situação de desigualdade no nascimento, encontram na escola pública um fator de igualdade de oportunidades”, salientou.

O estudo “Reservas de Professores sob a lupa: antevisão de professores necessários e disponíveis” do gabinete de estudo na área da educação da Fundação Belmiro de Azevedo revela que há cada vez mais docentes a chegar à reforma e os que estão a estudar para serem professores não serão suficientes para colmatar as saídas.

O estudo mostra também que em 2031 as escolas poderão ter de lidar com um problema muito mais grave do que o que se vive atualmente.

Se em 2021, a falta de professores se sentia apenas no momento em que era preciso substituir quem faltava, em 2031, a situação ganhará escala e será um problema estrutural, conclui a investigação coordenada por Isabel Flores.

Em 2021 faltavam três mil docentes e, em 2031, “assistiremos a 8.700 professores por colocar em vagas permanentes e à falta de 15.700 professores para substituir colegas ausentes”, lê-se no estudo hoje divulgado a que a Lusa teve acesso.