Os repórteres do canal britânico dizem ter obtido um ficheiro, utilizado há quatro anos pela equipa de campanha, que abrange quase 200 milhões de eleitores norte-americanos, catalogados em diferentes categorias para que pudessem enviar-lhes anúncios direcionados nas redes sociais.
Entre esses eleitores encontravam-se mais de 3,5 milhões de afro-americanos integrados numa categoria chamada “dissuasão”, com o objetivo de os levar a absterem-se de votar, de acordo com o Channel 4 News.
Segundo os jornalistas, os afro-americanos eram muito mais propensos do que outras comunidades a serem alvo desta estratégia. Na Geórgia, por exemplo, embora os negros constituam 32% da população, eles representavam 61% da categoria de eleitores a serem dissuadidos.
“Esta estratégia precedeu um colapso do voto negro em estadoschave como Wisconsin”, antes da vitória final de Donald Trump, disse um dos jornalistas responsáveis pela investigação.
A campanha digital do candidato republicano em 2016 incluiu uma equipa da empresa britânica Cambridge Analytica, que tinha sido acusada pelo Channel 4 e outros meios de comunicação social de recolher e explorar os dados pessoais dos utilizadores do Facebook para fins políticos sem o seu consentimento.
O diretor da campanha digital de 2016 de Trump, Brad Parscale, disse que a sua equipa não tinha como alvo os eleitores negros.
“Eu diria que estou quase 100% certo de que não realizámos quaisquer campanhas que visassem afro-americanos”, frisou aos repórteres da PBS Frontline, mas os investigadores do Channel 4 News revelaram ter visto um documento confidencial no qual a Cambridge Analytica admitiu ter como alvo os afro-americanos.
O Channel 4 News também menciona anúncios negativos concebidos para desencorajar o voto em Hillary Clinton, candidata derrotada em 2016, tais como vídeos, vistos milhões de vezes no Facebook, em que a candidata democrata chama “super predadores” aos jovens negros.
Citado pelo Channel 4 News, o vice-presidente da principal organização de direitos civis dos afro-americanos, a NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor), Jamal Watkins, afirmou estar “chocado” e “perturbado” com as revelações feitas.
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