É preciso não gostar mesmo de sopa fria para confundir um gaspacho com a Gestapo, a política secreta da Alemanha Nazi. Não sendo conhecidas as preferências de sopas de Marjorie Taylor Green, representante do Estado da Geórgia e uma das figuras mais polémicas do Congresso dos EUA, a verdade é que acusou a líder democrata de ter uma “polícia do gaspacho a espiar os membros do Congresso, a espiar o trabalho legislativo que fazemos, a espiar as nossas equipas e a espiar os cidadãos norte-americanos”, disse numa entrevista esta terça-feira.
Sendo um prato tradicionalmente ibérico, seria estranho ver a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos montar um órgão para fiscalizar a qualidade das eventuais marmitas de sopa fria que os congressistas levassem para o almoço. Greene, que não se inibe de fazer comparações com o regime Nazi, estava a referir-se a um incidente com outro republicano, o representante Troy Nehls, do Texas, que acusa a polícia do Capitólio de ter entrado no seu escritório: “sem o meu conhecimento, fotografaram produtos legislativos confidenciais”, escreveu na rede social Twitter, acrescentando que, três dias depois, “três agentes dos serviços de informação tentaram entrar no meu escritório num intervalo na sessão da Câmara” para fazer questões sobre um item que tinha sido fotografado, conta a NBC.
O chefe da polícia do Capitólio, porém, deu outra explicação para o que aconteceu: Nehls não foi “ilegalmente” espiado, um vigilante encontrou a porta do escritório aberta e seguiu o protocolo. “Se o escritório de um Membro fica aberto e sem segurança, sem ninguém no interior, os agentes têm indicações para documentar e garantir a segurança desse escritório para garantir que ninguém possa entrar e roubar ou fazer algo nefasto”.
Depois, explica Tom Manger, os agentes “seguiram o caso com a equipa do congressista e determinaram que nenhuma investigação ou mais alguma ação de algum género era necessária”.
Para Marjorie Taylor Green, no entanto, a polícia do Capitólio anda às ordens de Pelosi, que os usa “como peões políticos, enviando-os aos nossos escritórios. Nenhum de nós sabe — estiveram nos nossos escritórios à noite? Não sabemos, mas provavelmente”, acusa. “Andam atrás de todos nós.”
Banida do Twitter, apagada do Facebook
Marjorie Taylor Greene não é estranha a polémicas. No início do ano, foi banida da rede social Twitter devido a múltiplas violações da política relativa à desinformação sobre a doença covid-19, anunciou a empresa tecnológica a 2 de janeiro.
Em comunicado, o Twitter anuncia que a conta da congressista foi permanentemente suspensa pelo algoritmo lançado em março pela empresa tecnológica, que usa a inteligência artificial para identificar mensagens sobre o novo coronavírus que potencialmente podem causar danos às pessoas.
Duas ou três advertências geram um bloqueio de conta durante 12 horas; quatro resultam na suspensão de uma semana, e cinco ou mais podem fazer com que alguém seja removido permanentemente do Twitter.
A rede social Twitter já tinha suspendido anteriormente a conta da congressista republicana por períodos que variaram entre 12 horas e uma semana. A decisão anunciada pela empresa tecnológica aplica-se só à conta pessoal de Greene, não afetando a conta oficial que detém na qualidade de congressista.
Um dia depois, a empresa proprietária do Facebook, disse que retirou um 'post' de Marjorie Taylor Greene. "Um 'post' violou as nossas políticas e nós removemo-lo", disse um porta-voz da Meta, numa declaração citada pelo The Wall Street Journal (WSJ).
"Facebok juntou-se ao Twitter para me censurar", queixou-se a legisladora, que disse representar as vozes e os valores de mais de 700.000 cidadãos norte-americanos "pagadores de impostos" que defendem as suas liberdades e a Constituição.
No domingo, o Twitter não especificou que conteúdo Taylor Greene tinha partilhado que tinha levado à eliminação permanente da conta.
Em agosto, a legisladora tinha sido avisada com uma suspensão temporária de sete dias depois de ter colocado uma mensagem afirmando que as vacinas estão "a falhar" e que "não reduzem a propagação do vírus".
Também um ‘tweet’ de Greene publicado pouco antes do anúncio da suspensão de uma semana em julho afirmava que o novo coronavírus “não é perigoso para pessoas não obesas e menores de 65 anos”.
Segundo os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América (EUA), no entanto, pessoas com menos de 65 anos representam quase 250 mil das mortes registadas no país devido à doença covid-19.
Greene criticou então a suspensão de uma semana como um "ataque de estilo comunista à liberdade de expressão".
Marjorie Taylor Greene chegou a utilizar o Twitter para apelar ao regulador norte-americano para a área da saúde, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), para que não aprovasse as vacinas contra a covid-19.
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