“A minha militância no partido torna-se impossível de suportar quando o PAN persiste no apoio à perpetuação de um regime tentacular cujo modo de agir tem vindo a ser exposto e cria repulsa a qualquer democrata”, escreve o antigo porta-voz do partido agora liderado por Inês de Sousa Real no jornal Público.
Num artigo de opinião intitulado “O PAN deixou de me representar”, o primeiro deputado eleito pelo partido, em 2015, considerou que o PAN “tornou-se profundamente irresponsável, esqueceu-se dos que não têm voz, desistiu das lutas, e assim representa hoje 1% das intenções de voto”.
“Também deixou de me representar e hoje comuniquei a minha saída”, avançou o porta-voz entre 2014 e 2021, para quem o partido “anda de gaveta em gaveta política, aparentemente, em busca daquela que mais mandatos tiver para lhe oferecer”.
De acordo com André Silva, a “notória disponibilidade para bailar com (quase) todos”, aliada à pretensão de fomentar uma imagem de moderação e sensatez, transformou o “PAN num partido quase inútil às causas que proclama defender e que justificam a sua existência” no país.
“Mais do que elástico, o PAN é hoje plástico. Essa plasticidade foi ostentada na opção de apoiar o Governo do PSD/CDS na Madeira”, criticou ainda o ex-deputado, uma opção que classificou de “aberrante” por três motivos: “pelo regime em causa, pela ausência de contrapartidas de mudança, pelas justificações apresentadas”.
Mas também pela “venda dos valores do partido”, lamentou André Silva, ao considerar que o “PAN perdeu a coluna vertebral de tanto querer dançar” nas opções que tomou na Madeira, tecendo duras críticas ao posicionamento sobre o projeto do teleférico do Curral das Freiras.
Na sequência das eleições regionais de setembro de 2023, a deputada única eleita pelo PAN, Mónica Freitas, e o presidente do PSD/Madeira negociaram um acordo de incidência parlamentar para a legislatura, garantindo assim a viabilização do terceiro executivo chefiado por Miguel Albuquerque.
Entretanto, o presidente do Governo madeirense apresentou a demissão do cargo ao representante da República há uma semana, depois de ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na Madeira e que levou à detenção do, na altura, presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que renunciou ao cargo, e de dois empresários do ramo da construção civil.
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