“É um dado e é uma informação que devemos utilizar todos - o Ministério da Educação ao nível da orientação pública, mas, sobretudo, as escolas e os diretores das escolas - para melhorar o seu trabalho, não é uma informação para dramatizarmos, acharmos que está tudo perdido ou que as crianças desta geração nada sabem. Não é esse o objetivo das provas de aferição”, afirmou, no Porto.
À margem da apresentação do estudo “Aprender a ler a escrever em Portugal”, a antiga ministra entendeu que o objetivo das provas de aferição é dar a conhecer quais as matérias, mesmo dentro das áreas disciplinares, em que as crianças revelam mais dificuldades para que os professores “agarrem” essa informação e melhorem com essas crianças e com as quem vem a seguir.
“Não são exames, não são testes do Pisa, não são passíveis de hierarquizar ou classificar as crianças como se classifica num exame”, referiu.
“As provas de aferição, o que tem de específico, é que permitem medir de uma forma bastante decomposta quais são as dificuldades que as crianças têm no que respeita a várias matérias”, reforçou.
Maria de Lurdes Rodrigues salientou que a informação que advêm das provas de aferição serve, em primeiro lugar, os professores que ensinam os alunos e que têm, aqui, um instrumento importante para saber o que têm de mudar nas suas práticas de ensino e pedagógicas.
Os resultados das provas de aferição do 5.º e 8.º ano, realizadas em maio e junho, revelam que os alunos estão com dificuldades nas áreas de Ciências Naturais e Físico-Química e Matemática e Ciências Naturais.
Cerca de 95 mil alunos do 2.º ano e mais de 100 mil do 5.º e 8.º anos realizaram as provas de aferição entre os dias 2 de maio e 21 de junho, tendo este ano sido avaliadas área disciplinares que não exclusivamente o Português e a Matemática.
A ex-ministra disse ainda que é necessário contrariar a ideia de que o arranque do ano letivo é “sempre um problema”, adotando antes a ideia de que é uma festa.
“Os professores foram colocados e os alunos estão nas escolas, por isso, precisamos de fazer deste arranque de ano letivo uma festa, porque é uma festa ter crianças nas escolas, precisamos de contornar a questão de que o arranque do ano letivo tem de ser sempre um problema, porque não tem de ser sempre um problema”, disse, no Porto.
A ex-governante, que falava à margem da apresentação do estudo “Aprender a ler e a escrever em Portugal”, frisou que o arranque do ano letivo deve ser encarado como um “momento de grande felicidade” para as crianças, pais, professores e escolas porque é um “momento de celebração do ensino e da educação”.
Mas, sublinhou, o país tem “esta coisa” de chorar sobre acontecimentos que não têm nenhum dramatismo.
Sobre este ano letivo 2017/18, Maria de Lurdes Rodrigues considerou que começou “bem, normal e sem nenhum acontecimento que cause preocupação”, ao contrário de há anos atrás.
O ano letivo arrancou oficialmente a 08 de setembro para milhares de alunos, com os professores a contestarem as regras do concurso de mobilidade interna deste ano, que não permitiram concorrer a horários incompletos, e mais funcionários nas escolas prometidos pelo Governo.
O início do ano letivo ficou marcado por queixas dos professores dos quadros relativas ao concurso de mobilidade interna que, este ano, ao contrário do que vinha sendo hábito, não disponibilizou horários incompletos pedidos pelas escolas, o que levou a que muitos professores fossem colocados em escolas distantes daquelas em que habitualmente davam aulas.
[Artigo atualizado às 17:27]
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