Apesar de haver possibilidade para aprovar rapidamente algumas dessas propostas, também é verdade que, noutras, permanece a discordância, nomeadamente no caso da garantia das telecomunicações, referiu Pedro Filipe Soares, numa entrevista ao programa “Gente que conta”, do Porto Canal, que vai ser transmitida hoje à noite durante o Jornal Diário.
A eliminação dos cortes de água, luz e gás “é um debate em curso” que o líder parlamentar do Bloco acredita “poder ser também satisfatório no seu final”.
Relativamente à salvaguarda do tecido económico em Portugal, o dirigente insistiu que o partido defende “uma injeção direta – o chamado dinheiro helicóptero -, para pagamento de salários nos meses de março e abril às micro e às pequenas empresas", a fim de se garantir “a manutenção de postos de trabalho, de rendimento das famílias e uma ligação às empresas" e que as empresas continuem a laborar a seguir.
“Isto é a nossa visão de emergência”, frisou Pedro Filipe Soares.
Essa injeção direta seria de cerca de 500 milhões de euros para as microempresas e de 1.100 milhões para as pequenas empresas, num total de 1.600 milhões de euros.
Isto porque, referiu Pedro Filipe Soares, o que o BE pretende que aconteça nesta fase de pandemia da covid-19 é preservar os empregos e impedir que haja despedimentos.
Pedro Filipe Soares disse também que, embora haja dificuldade em calcular o custo que esta crise terá, sabe-se pelas crises anteriores que, “quanto mais investimento público faltar, pior será o resultado na economia”.
Do mesmo modo, com o rendimento das famílias, “quanto mais o rendimento das famílias faltar, pior será”, frisou.
Questionado sobre a detenção de Rui Pinto, o líder parlamentar do BE disse que o partido discorda que se mantenha em prisão preventiva, já que “nada justifica que tal aconteça”.
“Rui Pinto deve responder perante a justiça pelos crimes que cometeu, se é que cometeu, se for provado que cometeu crimes. Não deve, porque não faz sentido, estar há tanto tempo em prisão preventiva”, enfatizou.
Questionado sobre se concorda com a libertação de detidos em prisão preventiva, Pedro Filipe Soares disse discordar, alegando que a prisão preventiva também é uma forma de não se perturbar a investigação nem os meios de prova.
Discordou ainda que os três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras suspeitos de terem morto um estrangeiro tivessem ficado em prisão domiciliária, alegando, contudo, que o Bloco aguarda pela audição do ministro Administração Interna no parlamento, esperando que, quando isso acontecer, Eduardo Cabrita já vá munido de alguns relatórios.
Quanto a uma injeção de capital público na TAP, que tem a frota parada, desde o confinamento imposto pelo combate à covid-19, o dirigente do Bloco defendeu que, a existir, tem de haver propriedade do Estado.
“Se o Estado vai lá meter dinheiro, tem de ter como consequência uma propriedade do Estado”, sustentou.
Sobre a Europa, nesta altura de crise, o 'bloquista' considerou ser este num “momento-chave” para se “tirarem as dúvidas em absoluto se a Europa serve para alguma coisa ou se não serve para nada”.
“No fundo, se [a Europa] é uma solução ou se faz parte de um problema”, sublinhou.
Para Pedro Filipe Soares, o que se deve exigir aos “líderes europeus e ao Governo [português], em primeiro lugar, é que a Europa seja uma solução, mas, em segundo lugar, também não aceitar (...) posições intermédias que, na prática, não são soluções para coisa nenhuma”.
Durante a entrevista, Pedro Filipe Soares foi ainda questionado sobre a possibilidade de o Bloco vir a viabilizar o próximo Orçamento do Estado, que será discutido em outubro.
O líder parlamentar escusou-se, porém, a avançar qualquer posição, alegando ser “prematuro”.
Quando questionado sobre a existência ou não de tensão entre o BE e o PS, por este não ter viabilizado uma nova 'geringonça', Pedro Filipe Soares disse que a evolução da relação entre os dois partidos está “demasiado humanizada”.
"Está transformada numa relação social entre pessoas e não numa relação entre partidos políticos, visões políticas diferentes e disputas dessas visões políticas”, observou.
Ao Bloco “não interessa essa arqueologia política” das tensões que existiram, concluiu.
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