Este é um alerta do presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) em entrevista à CNN Portugal.
Segundo o canal, o ano de 2023 terminou com 1.711.982 portugueses sem médico de família atribuído, um número que nos últimos meses tem crescido e representa 16% do total de pessoas inscritas nos cuidados de saúde primários, que são ao todo 10.562.560.
Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), sublinha à CNN que este cenário é mais complexo do que parece.
“Estamos a falar de 1 milhão e 700 mil pessoas. É um número muito, muito significativo, há enormes assimetrias, há regiões onde a falta de médicos de família representa grande parte da população, como em Lisboa”, refere Jacinto.
No caso da capital, segundo dados do Portal da Transparência, que são apenas referentes ao mês de novembro, 30% dos utentes não têm médico de família atribuído e 15 dos centros de saúde sem médico de família em Portugal, 14 pertencem à região de Lisboa e Vale do Tejo.
“O acesso da população aos cuidados de saúde está comprometido, os cuidados de saúde primários têm de ser a porta de entrada no setor de saúde e não havendo esta porta as pessoas procuram soluções de recurso e nem sempre há”, refere o presidente da APMGF.
Recorde-se que no final deste ano, o Governo anunciou a abertura de um concurso para contratar 924 médicos recém-formados em Medicina Geral e Familiar, mas, tendo em conta o que aconteceu em anos anteriores, Nuno Jacinto prevê mais um “fracasso”.
“Não conseguimos estar otimistas neste momento, os médicos, em particular os médicos de Medicina Geral e Familiar, não estão a ser tratados da forma adequada, tem de haver valorização e respeito pelo nosso trabalho. E os colegas, sobretudo os recém-formados, olham para o SNS como algo que é pouco atrativo e procuram outras opções”, diz Nuno Jacinto, acrescentando que por ano, são formados cerca de 500 médicos de família e que são poucos os que ficam no setor público.
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