O deputado Fabio Rampelli, do partido Irmãos da Itália, propôs multas até 100 mil euros para quem não usar a língua italiana na administração pública, prestação de bens e serviços, e em atividades escolares e universitárias.

Com a justificação de proteger e valorizar o uso da sua língua, propõem a obrigação de siglas ou nomes com tradução, regulamentos internos e documentos destinados a empregados, em italiano, adiantou o jornal Corriere della Sera.

"As entidades públicas e privadas são obrigadas a apresentar em italiano qualquer descrição, informação, advertência e documentação relativa aos bens tangíveis e intangíveis produzidos e distribuídos em todo o país" e "qualquer tipo e forma de comunicação ou informação presente em um local público ou em local aberto ao público ou proveniente de fundos públicos e destinado à utilidade pública é transmitido em italiano", estabelece o artigo 2 da proposta.

Em suma, "não é mais permitido o uso de termos estrangeiros cuja correspondência italiana exista e seja totalmente exaustiva".

Caso contrário, ficam sujeitos ao pagamento de uma quantia de 5.000 euros a 100.000 euros, de acordo com artigo 8º da proposta, que ainda não foi submetida a debate parlamentar.

Annalisa Merelli, repórter do Quartz, considera esta proposta um repetir da história, "com o atual governo a tentar reviver as leis implementadas há um século durante o regime fascista e abolidas com a libertação do país".

Relembra uma lei aprovada a fevereiro de 1923, pelo governo fascista liderado por Mussolini, que pretendia preservar e proteger a língua e cultura italianas contra a influência estrangeira, dissuadindo as pessoas de usar estrangeirismos.

Mas o uso da língua inglesa não é mal visto em todo o lado. Contrariamente a Itália, o Partido Liberal Democrata (FDP) na Alemanha propôs que se tornasse o inglês a segunda língua oficial dos escritórios administrativos, conforme reportou o The Guardian o mês passado.

Entende que o facto de as burocracias terem de ser tratadas em alemão pode ser um impedimento para trabalhadores qualificados estrangeiros, tão necessários perante a escassez de mão de obra qualificada.

Peter Adrian, presidente da Associação de Câmaras Alemãs da Indústria e Comércio, defendeu recentemente, no jornal Münchner Merkur, que "o inglês é a língua internacional e deve ser suficiente para qualquer pessoa alcançar grandes coisas em vários negócios alemães". Para o presidente, é importante que pessoas de qualquer parte do mundo consigam tratar das burocracias num idioma que não o alemão.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel