“Expectativas de regresso dos portugueses residentes na União Europeia” é o nome do estudo apresentado hoje durante a Conferência “Regresso de emigrantes portugueses: expectativas e experiências na União Europeia”, promovida pelo Observatório da Emigração.
Apresentado por Pedro Candeias, o estudo analisou as expectativas dos portugueses que residem em França, Luxemburgo (onde a emigração portuguesa é mais antiga) e Alemanha, com uma emigração mais recente, oriunda de Portugal.
Contribuíram para este estudo respostas de 302 pessoas em França, 167 do Luxemburgo e 139 a residirem na Alemanha.
Na Alemanha, mais de metade dos emigrantes inquiridos tinha um doutoramento e mestrado, sendo mais significativa a presença de mulheres emigrantes portuguesas.
Os portugueses residentes nestes três países elegem os serviços sociais, a saúde, a segurança social, a componente económica (profissão e rendimento) como aqueles que lhes proporcionam maior satisfação.
No polo oposto, o clima e a vida social, com o primeiro a influenciar o segundo, são os mais negativos.
Os emigrantes portugueses revelam-se mais satisfeitos na Alemanha, seguindo-se os que vivem no Luxemburgo e finalmente em os que residem em França.
Em França, pesa a insatisfação com a segurança pública e a situação política.
Questionados sobre a vontade de regressar a Portugal, todos os inquiridos disseram que pretendem ficar no país onde estão a residir, com metade a dizer que planeiam voltar no prazo de dez anos.
Sobre o regresso, os que residem em França são os que mais querem voltar para “a terra” onde viviam.
A família e o ambiente são os fatores mais apontados como motivos para voltar, com os emigrantes na Alemanha a referirem em maior quantidade a questão do reencontro familiar.
Este aspeto pode justificar-se, segundo Pedro Candeias, com o facto da emigração portuguesa na Alemanha ser mais composta por mulheres, mais qualificadas, que optaram por emigrar, muitas vezes sozinhas, em busca de melhorar a sua carreira e serem mais bem remuneradas por isso.
Dos três destinos, a França é a dos emigrantes que acreditam conseguir alcançar os objetivos da emigração, nomeadamente acumular dinheiro e depois regressar.
Os motivos mais apontados para continuarem no país onde vivem são os benefícios sociais, o rendimento e o mercado de trabalho.
Na conferência foram igualmente apresentados os resultados de um estudo sobre as “Expectativas de regresso dos portugueses do Reino Unido”, que resultou de um inquérito com 423 participações.
Dos inquiridos, 67,1% tinha habilitações superiores, trabalhando em áreas como as ciências médicas, enfermagem e tecnologia.
Como motivos apresentados para terem saído de Portugal, os inquiridos indicaram os fatores laborais, os baixos salários, a falta de oportunidades de progressão na carreira e de um emprego compatível com a sua formação.
São precisamente estes os motivos apontados pelos inquiridos para a sua satisfação por estarem emigrados no Reino Unido.
A situação política no Reino Unido, em parte relacionada com a saída da União Europeia (UE), e o clima são os fatores negativos mais apontados pelos inquiridos.
O estudo apurou que 39% pretende regressar, 28% quer voltar, mas não sabe quanto, 28% está indecisa e existe ainda uma minoria que pretende voltar a emigrar, mas para outro país.
Também neste caso, são os motivos familiares e emocionais, assim como o clima, os que pesam mais para a vontade de regressar.
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