O discurso de Eduardo Ferro Rodrigues abriu as comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, numa conferência intitulada "a democracia portuguesa 45 anos depois", em parceria com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL).
"Muitos problemas persistem, mas 45 anos de regime democrático português mostram-nos que, mesmo nas condições mais difíceis, existem soluções. Veja-se o que sucedeu em 2015, quando, contra todas as expectativas, contra muitos que pensavam nunca tal poder acontecer, foi possível encontrar uma solução governativa capaz de recuperar o país da profunda crise - até mesmo de identidade e de valores - em que se encontrava, depois de um período tão difícil e complexo como foi o período de assistência financeira, com profundos impactos na pobreza e na exclusão social", disse.
A segunda figura do Estado português e antigo dirigente socialista declarou: "do confronto de alternativas surgiu uma alternativa que se revelou estável, diria mesmo de sucesso".
"Talvez por isso a atual configuração governativa e o ambiente político, económico e social que conseguiu gerar sejam um caso de estudo e modelo para muitos dos nossos parceiros", continuou.
Segundo Ferro Rodrigues, "depois de um longo combate, de décadas, pelo ideal democrático, a sociedade portuguesa confrontou-se consigo mesma há precisamente 45 anos", em referência à Revolução dos Cravos.
"Iniciávamos então o caminho, nem sempre fácil, na senda de um Portugal mais democrático, mais solidário, mais justo e mais coeso, mas, também mais aberto à Europa e ao Mundo. Com a luta (nunca esgotada) pela democracia, veio a luta pelo desenvolvimento, para o qual os Portugueses mobilizaram todas as suas forças", descreveu.
Ferro Rodrigues considerou que "este exercício de memória", nomeadamente através da presente conferência e outros eventos, é uma homenagem ao próprio regime democrático português, numa Europa de "ambiente caracterizado pela erosão crescente deste grande projeto comum, pelo retorno aos nacionalismos, pela rejeição do multilateralismo, por uma onda populista que cresce a cada dia que passa, pela apropriação do espaço público por ideologias políticas usualmente circunscritas às franjas da sociedade".
"E embora jovem - o que são 45 anos? -, não hesitemos em afirmar que não há melhor regime que este! E que o melhor da democracia ainda está para vir!", concluiu.
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