Depois de Barack Obama ter imposto uma proibição à importação de troféus de caça do Zimbabué e da Zâmbia, em 2014, a administração Trump pretende agora reverter a medida.
O objetivo da medida do anterior presidente norte-americano era obrigar o Zimbabué a mostrar que levava a sério a preservação dos elefantes. Em causa estavam “práticas de gestão questionáveis, falta de uma eficaz execução da legislação e uma fraca liderança [que] resultaram numa caça furtiva incontrolável e um declínio catastrófico” ou significativa, das populações de elefantes africanos na Tanzânia e no Zimbabué, dizia na altura o serviço de Pescas e Vida Selvagem dos Estados Unidos (FWS).
A partir desta sexta-feira, porém, esta entidade vai começar a emitir novas licenças para a importação de troféus de caça de elefantes mortos no Zimbabué, desde o dia 21 de janeiro de 2016 e até 31 de dezembro de 2018, pode ler-se num documento do FWS. A restrição à importação de animais vindos da Tanzânia mantém-se.
A decisão é justificada com os alegados benefícios da caça desportiva para a gestão de bons programas de vida selvagem. A FWS garante também que desde 2014 “o governo do Zimbabué, organizações não-governamentais, promotores de safaris, associações profissionais de caçadores e cidadãos deram ao [FWS] informações adicionais sobre a gestão e o estado da população de elefantes do Zimbabué, demonstrado que os factos no terreno mudaram e melhoraram”.
O que mudou, explica este organismo governamental, foram as políticas que o Zimbabué tem usado para gerir uma população de cerca de 80 mil elefantes (dados do FWS).
“Podemos agora concluir que a caça desportiva de elefantes africanos no Zimbabué vai melhorar a sobrevivência da espécie no estado selvagem”, diz a mesma fonte.
Associações de caça e armas aplaudem a decisão. Paul Babaz, presidente da Safari Club International, uma associação pelos direitos dos caçadores, diz que o levantamento da proibição “reconhece que a caça é benéfica para a vida selvagem e que estes países sabem como gerir as suas populações de elefantes”, cita o britânico Guardian.
Também a NRA, a associação norte-americana pelas armas de fogo, diz que a reversão é “um significativo passo em frente para que a caça receba o reconhecimento que merece como uma ferramenta para uma gestão sólida da vida selvagem, que foi simplesmente enterrada pela anterior administração”, diz Chris Cox, da NRA, igualmente citado pelo Guardian.
A caça de elefantes é legal em vários países africanos, mediante a obtenção de uma licença. Essas licenças custam avultadas somas, pelo que alguns alegam ser esta uma importante fonte de receita para os programas de conservação da natureza.
As atenções agora viraram-se, porém, para os filhos do presidente norte-americano. É que os filhos de Donald Trump são fãs da caça de elefantes e outros animais de grande porte. E isso mesmo lembram as imagens que têm sido partilhadas nas redes sociais.
O próprio presidente, porém, dizia em 2012 que não tem interesse por caça. “Os meus filhos adoram caça. São caçadores e tornaram-se bons nisso”, dizia Trump ao site TMZ.
“Eu não acredito na caça e surpreende-me que eles gostem”, acrescentava o agora presidente. E concluía: “Sei que qualquer coisa que fizeram foi 100% certa nos termos da comunidade de caça”.
Em 2012, Donald Trump Jr, o filho mais velho do presidente dos Estados Unidos, dizia que as imagens estavam descontextualizadas, já que os animais foram alegadamente mortos numa reserva com excesso de população de elefantes.
As associações de defesa animal, porém, dizem o contrário: que os números de elefantes estão em queda acentuada devido à ação humana, seja a caça furtiva ou a caça pelo marfim.
Nas redes sociais, têm sido várias as reações de pessoas ligadas ao partido da oposição contra a decisão do FWS, sublinhando a ligação de Donald Trump Jr. e Eric Trump à caça de animais de grande porte.
“Que razão pode Donald Trump ter para reverter a proibição criada pela administração de Obama à importação de troféus de elefantes de África?”, pergunta Andrew Weinstein, do Partido Democrata.
Chelsea Clinton, filha do ex-presidente Bill Clinton e da candidata democrata Hillary Clinton diz que a decisão vai “aumentar a caça furtiva, tornar as comunidades mais vulneráveis e perturbar os esforços de conservação”.
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