"O primeiro passo em política é reconhecer os erros: colaborar com a família em política já não é algo aceitável para os franceses (...) Foi em erro, estou profundamente arrependido e quero apresentar as minhas desculpas aos franceses", indicou Fillon numa conferência de imprensa na sede da campanha presidencial, em Paris.
No entanto, Fillon afirmou que "nada tem a esconder", já que os empregos da sua mulher, Penelope, e dos filhos Charles e Marie (ambos quando ainda eram estudantes) são "legais e transparentes".
A conferência de imprensa foi marcada depois de o jornal Le Monde ter avançado hoje que a justiça francesa está a estudar a possibilidade de ampliar as acusações contra François Fillon, acrescentando-lhe os delitos de financiamento ilegal de campanha eleitoral e tráfico de influências.
De acordo com o jornal francês, o interrogatório a Fillon feito pelos investigadores (sobre se a sua mulher, Penelope, e os seus filhos tiveram ou não empregos fictícios) abriu outras linhas de investigação e eventuais novas acusações contra o antigo chefe do Governo (de 2007 a 2012).
Fillon declarou perante os investigadores que o seu filho Charles, contratado como seu assistente no Senado entre 2005 e 2007, na verdade trabalhou para a campanha presidencial de Nicolas Sarkozy em 2007.
"Ajudou-me a trabalhar no programa para as presidenciais e em assuntos institucionais", afirmou o candidato conservador, segundo o Le Monde.
É esta "confissão" de que utilizou um assistente parlamentar para trabalhar para o candidato Sarkozy que pode abrir uma nova via de investigação por um possível delito de "financiamento ilegal de campanha eleitoral".
O candidato também afirmou que a sua filha Marie Fillon, também contratada como assistente parlamentar quando ele era Senador, ajudou-o a escrever um livro, algo que não entra nas funções parlamentares.
Os dois filhos de Fillon eram na altura estudantes de Direito e, com esses trabalhos parlamentares, ganharam perto de 85 mil euros.
Já Penelope Fillon terá ganhado cerca de 900 mil euros como assistente parlamentar e como redatora numa revista de crítica literária.
Os investigadores também estão a analisar se houve delito de tráfico de influências na atribuição, em dezembro de 2010, da Grã Cruz da Orden Nacional da Legião de Honra ao empresário Marc Ladreit de Lacharrière, dono da publicação "La revue des deux mondes", que contratou Penelope, mulher de Fillon, em 2012. Penelope foi contratada a ganhar 5.000 euros brutos ao mês.
Nesse trabalho, Penelope apenas fez duas críticas literárias no espaço de um ano e meio, indicou o diretor da revista na altura, Michel Crépu.
De acordo com o Le Monde, os agentes suspeitam que o trabalho de Penelope foi a moeda de troca da condecoração, que é difícil de conseguir em França e que foi atribuída ao empresário por indicação expressa de Fillon, então primeiro-ministro.
Tudo isto junta-se ao "Penelopegate", a investigação já aberta pelo alegado emprego fictício da mulher de Fillon como assistente parlamentar entre 1998 e 2002 e de 2002 a 2007.
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