Em comunicado, a instância dirigente da instituição disse que as informações apresentadas durante a investigação não permitiram concluir que a economista búlgara tenha tido “um papel impróprio no que diz respeito ao Relatório ‘Doing Business 2018’, quando era diretora-geral do Banco Mundial”.

“Tendo analisado todas as provas apresentadas, o Conselho de Administração reafirma a sua total confiança na liderança da diretora-geral e na sua capacidade de continuar a desempenhar eficazmente as suas funções”, pode ler-se na nota.

De acordo com a a agência de notícias France-Presse (AFP), Georgieva saudou a decisão, afirmando que as alegações eram “infundadas”.

A questão da manutenção de Kristalina Georgieva, de 68 anos, à frente do FMI, surgiu após a publicação, em 16 de setembro, das conclusões de uma investigação conduzida pelo escritório de advogados WilmerHale.

Os autores do documento apontaram irregularidades na elaboração das edições de 2018 e 2020 do relatório “Doing Business” do Banco Mundial, acusando Georgieva de ter pressionado as suas equipas, quando era diretora-geral daquela instituição, para dar à China uma classificação mais favorável.

A investigação foi realizada a pedido do comité de ética do Banco Mundial, depois de o relatório, que classifica os países de acordo com a facilidade em fazer negócios, se ter tornado objeto de muita controvérsia e ter levado à demissão do antigo economista-chefe Paul Romer.

O Conselho de Administração do FMI ouviu Georgieva, que negou as acusações, e representantes da firma WilmerHale.

Na nota, o FMI disse que a decisão foi tomada após a oitava reunião sobre o caso, “como parte do compromisso do conselho para uma revisão minuciosa, objetiva e precisa”.

“O Conselho de Administração considerou que a informação apresentada durante a revisão não demonstrou conclusivamente que a diretora-geral desempenhou um papel impróprio no que diz respeito ao relatório ‘Doing Business 2018’, quando era diretora-geral do Banco Mundial”, afirmou.

O órgão, que tem 24 membros representando 190 países e toma geralmente as suas decisões por consenso, acrescentou que tem confiança “no compromisso” de Georgieva em “manter os mais altos padrões de governação e integridade no FMI”.

“A confiança e a integridade são as pedras angulares das organizações multinacionais que tenho servido fielmente durante mais de quatro décadas”, disse Georgieva, citada pela AFP.

A economista búlgara sublinhou que o caso foi “um episódio difícil a nível pessoal”, exprimindo o seu “apoio inabalável à independência e integridade” das instituições.

Seis antigos funcionários do Banco Mundial, num comunicado emitido por uma agência de relações públicas, tinham defendido Georgieva recentemente, denominando-a “uma pessoa da mais alta integridade e empenhada no desenvolvimento”.

O FMI deverá publicar hoje as últimas perspetivas económicas globais.

Georgieva deverá falar numa conferência de imprensa na quarta-feira.

Kristalina Georgieva assumiu a direção do Fundo em 01 de outubro de 2019 para substituir Christine Lagarde, que foi nomeada para o Banco Central Europeu (BCE), e era a única candidata na altura.

O Fundo é tradicionalmente chefiado por um europeu enquanto o Banco Mundial está nas mãos de um americano, atualmente David Malpass.

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