Em entrevista ao SAPO24, o autarca de Viseu, Fernando Ruas, explicou que o pagamento em questão, se tratou de uma fatura de energia recorrente na autarquia feito para uma despesa dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Viseu, um organismo da Câmara.
"Nós transferimos sempre os pagamentos da energia elétrica dos Serviços Municipalizados, não da Câmara para a Galp Energia. O que acontece é que se transferiu um montante e, entretanto, éramos abordados pela Galp que o dinheiro não chegava lá e não havia pagamento. Mandamos então cópia do documento que nos tinha sido enviado, através de um email, pela Galp a pedir o pagamento e comprovativo de pagamento com o respetivo IBAN. A Galp respondeu-nos depois que afinal o IBAN estava errado porque alguém intercetou o documento da Galp e mandou-nos para cá para alterarmos o IBAN, que passaria a ser aquele, algo que era falso", conta Fernando Ruas.
"O funcionário acabou por mandar o pagamento para um IBAN falso", acrescenta.
Depois de detetado o erro, a autarquia terá contactado "imediatamente" a entidade bancária do IBAN falso, a mesma da Câmara de Viseu e tentou recuperar o dinheiro e eliminar a operação. "Conseguimos evitar que fosse feito um segundo pagamento que já ia a caminho", diz Ruas.
"Reunimos o grupo jurídico, contactamos a Polícia de Segurança Pública (PSP) que nos encaminhou para a Polícia Judiciária (PJ) e neste momento já fizemos tudo o que estava ao nosso alcance", adianta o responsável.
Sobre o dinheiro perdido? Fernando Ruas esclarece que foram feitos dois pagamentos no valor de cerca de 600 mil euros, tendo sido parte do dinheiro recuperado devido ao cancelamento da conta fraudulenta. Resta agora conseguir repor o restante nas contas da autarquia, correspondente a um primeiro pagamento, que segundo o responsável, corresponde a 370 mil euros. "Não sabemos ainda o que vamos conseguir recuperar", refere.
"Sabemos só que a conta foi cancelada, não sabemos o saldo da conta fraudulenta nem o número de pessoas lesadas que também são particulares", destaca também.
Depois desta situação a Fernando Ruas sublinha que: "Vamos transmitir às chefias que isto aconteceu. E pedir às pessoas que tenham mais segurança com este tipo de situações. O funcionário fez aquilo que era rotina fazer, com este e outros pagamentos, e não houve nada de diferente. De futuro vamos passar a certificar-nos várias vezes que a entidade pediu mesmo a alteração do IBAN". Rejeita, porém, qualquer tipo de formação adicional na área da tecnologia e cibersegurança.
"Do ponto de vista da Câmara fizemos tudo, o que havia a fazer já fizemos, cada vez estamos mais preparados para os ataques informáticos, mas eles acontecem. Este agente fraudulento é difícil de detetar e novo, mas vamos agora tentar recuperar o dinheiro", garante Ruas.
Por fim, o autarca viseense aponta que uma das prioridades da Câmara assim que detetou a fraude foi falar com a comunicação social "para também ajudar outras instituições e particulares", que possam ser vítimas do mesmo ataque.
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