“A FUA fez de tudo para agregar toda a esquerda em torno do repúdio aos ataques da extrema-direita. É totalmente incompreensível que depois de ações de rua que foram um êxito, parte do movimento que assume combater o fascismo e o racismo se vire contra a independência política da FUA e tenha tão rapidamente esquecido completamente o nosso inimigo comum”, explicita o movimento num esclarecimento enviado às redações.
No domingo, cerca de 20 coletivos e associações antirracistas acusaram a Frente Unitária Antifascista de organizar de um modo “desleal, oportunista e sectária” as manifestações “Unidos Contra o Fascismo”, que decorreram no Porto e em Lisboa.
Estas organizações consideraram, em nota divulgada pelo Movimento Negro Portugal, que não houve “envolvimento prévio dos coletivos antirracistas” e que as pessoas que “sofreram ameaças na última semana” também não estavam envolvidas na organização dos protestos.
De acordo com estes coletivos e associações, “esta não é a primeira vez que acontece, são já vários os episódios lamentáveis nos últimos dois anos”.
Em resposta a estas acusações, a FUA disse hoje que foi lançado para “a praça pública um chorrilho de acusações pessoais, calúnias, mentiras e manipulações que carecem de total fundamento e não deixam de refletir certa degeneração moral de alguns dirigentes da esquerda diante da decadência da sociedade capitalista”.
A Frente Unitária Antifascista “endereçou o convite para coorganização das concentrações a dezenas de organizações, incluindo grande parte das que subscreveram a nota divisionista, que manifestaram a opinião e pressionaram para que não se realizassem” as manifestações.
“Respeitamos a sua opinião [dos coletivos], mas não concordamos, pois cremos que o silêncio é cúmplice e a menorização da luta no espaço público em relação à agenda da política parlamentar é prejudicial ao combate antirracista e antifascista, tal como a sistemática tentativa de silenciar” os ativistas da FUA, prossegue o esclarecimento.
Na última semana, três deputadas e sete ativistas foram alvo de ameaças por uma autoproclamada “Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional”, que reivindicou também uma ação junto à associação SOS Racismo.
Na quinta-feira, o Ministério Público instaurou um inquérito-crime, um dia depois de o dirigente da SOS Racismo Mamadou Ba ter prestado declarações na Polícia Judiciária e ter confirmado a receção, juntamente com mais nove pessoas, de uma mensagem de correio eletrónico a estipular o prazo de 48 horas para abandonar o país.
Este domingo decorreram, no Largo Camões, em Lisboa, e nos Aliados, no Porto, duas manifestações convocadas pela FUA.
Em Lisboa, centenas de pessoas manifestaram-se contra o fascismo, o racismo e pela liberdade e direitos cívicos, num protesto que quem lá estava disse ser necessário pelo crescente à-vontade com que a extrema-direita se sente para cometer crimes.
No Porto, foram cerca de trezentas as pessoas que participaram numa concentração contra “tentativas de intimidação” a três deputadas e a sete ativistas antifascistas e antirracistas.
Entre os manifestantes concentrados no Porto encontrava-se Luís Lisboa, coordenador do núcleo de Guimarães da FUA, um dos primeiros ativistas a formalizar queixa-crime pelas ameaças que recebeu e que disse encontrar-se já sob proteção policial.
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