Em declarações à Lusa, José Carlos Silva, um dos funcionários que passaram a noite em protesto na cervejaria, disse que os trabalhadores vão manter o estabelecimento aberto, no horário habitual, “até que os produtos acabem”.
“Alguns colegas foram descansar e outros ficaram para trabalhar, revezando-se ao final do dia. Temos de assegurar os nossos direitos”, disse, salientando que a PSP esteve no local, mas não os impediu de ficar uma vez que são “credores” da empresa.
A ação de protesto começou depois de um funcionário ter passado junto ao estabelecimento, que se encontra fechado à segunda-feira, e ter visto uma empresa transportadora a "retirar o material" e a "mudar a fechadura do restaurante".
"Estavam a tentar roubar ou desviar isto tudo. O colega viu pessoal aqui dentro a descarregar coisas, nomeadamente, fogões da cozinha e bebidas", referiu.
No passado sábado, "todos os 25 trabalhadores" da Cervejaria Galiza cumpriram um dia de greve em protesto contra os atrasos nos pagamentos das remunerações, segundo disse à Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, Nuno Coelho.
O principal motivo da greve deveu-se ao facto de a empresa “não ter cumprido o acordo de pagar em julho o subsídio de Natal, decidido numa reunião no Ministério do Trabalho, nem, depois, em outubro, como posteriormente ficou combinado”.
“Mas também pretendemos protestar porque os vencimentos mensais estão a ser pagos ultimamente em duas ou três parcelas mensais, além de que os salários estão congelados há uma década”, afirmou.
Depois de “a gerência ter deixado ao abandono o restaurante", há quatro anos, a empresa entrou em dificuldades e as dívidas ao Fisco e à Segurança Social “chegaram aos dois milhões de euros", sublinhou o sindicalista.
A tentativa de resolver o problema passou pelo recurso a um Processo Especial de Revitalização (PER), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, e pela chegada de um gestor.
“O problema é que as suas decisões não ajudam em nada à viabilização da casa”, sublinhou.
Fundada a 29 de julho de 1972, a cervejaria detida pela empresa Atividades Hoteleiras da Galiza Portuense é “uma das referências do Porto no setor da restauração”, mas, ao ter alterado “para pior produtos e serviços”, colocou “em causa a qualidade e diversidade do serviço, o que levou ao afastamento de clientes importantes da casa”, figuras “de grande relevância nacional ligada à politica, artes e desporto”, referiu o sindicato, num comunicado.
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