No popular e superlotado distrito de Basta, os três ou quatro andares de dois velhos edifícios foram abaixo como um castelo de cartas, alvos da guerra agora aberta entre Israel e o movimento pró-iraniano Hezbollah.
Noutro ataque, o alvo era um edifício novo de oito andares no bairro de Al Noueiri. Hassan Jaber retirava o lixo do seu apartamento quando foi atingido. "Apenas abri a porta do elevador e fiquei ferido numa perna e num braço", contou à AFP, ainda atordoado pela explosão. "Caí e vi que toda a gente fugia."
Ayman, morador que vive em frente e que não quis dar o apelido, disse que ouviu "três explosões". "Os vidros da cozinha estilhaçaram. Estamos do outro lado da rua e o meu filho começou a chorar", acrescentou.
Bombeiros trabalhavam para apagar o incêndio que consumia um imóvel residencial, e tentavam retirar os moradores por uma grande escada.
Equipados com grandes lanternas no meio de escombros e veículos esmagados, os socorristas, com coletes amarelos e vermelhos, usaram pás para retirar a lama que se formou com o rompimento das canalizações. "Atenção, há um buraco ali", alguém alertou um efetivo da Defesa Civil.
Com máquinas pesadas, os socorristas tentavam limpar o terreno enquanto, perto dali, havia feridos deitados na berma da estrada e moradores fugiam apressados, carregando apenas mochilas com pertences.
Junto dos edifícios com marcas das explosões — apartamentos sem paredes e varandas a ponto de cair —, efetivos do Hezbollah e soldados libaneses mantinham um cordão de segurança fechado nesse bairro misto, onde vivem muçulmanos xiitas e sunitas.
"Geralmente não tenho medo, mas foi como se a terra tremesse", disse um homem, a menos de um quilómetro do lugar do ataque. A cinco minutos dali, no bairro cristão de Achrafiyeh, famílias ainda em estado de choque pelas enormes explosões contam que as sentiram como se tivessem ocorrido ali mesmo.
Na noite desta quinta-feira, uma força de segurança libanesa indicou que o alvo era um alto dirigente do Hezbollah, sem conseguir identificá-lo. O balanço atual é de 22 mortos e 117 feridos, segundo o Ministério de Saúde do Líbano.
Há um ano que Israel e Hezbollah trocam disparos na fronteira, com mais de 2.000 mortos no total. Desde 23 de setembro, quando os bombardeamentos se intensificaram no leste do Líbano e sul de Beirute, cerca de 1.200 pessoas morreram e quase um milhão tive de deixar as suas casas, segundo um balanço da AFP feito a partir de números oficiais.
Em 27 de setembro, bombardeamentos israelitas mataram o então líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, num bairro do sul da capital. O ataque desta quinta-feira foi o terceiro da aviação israelita em Beirute desde 23 de setembro.
Outro ataque, ocorrido no início de outubro, atingiu os serviços de emergência do Hezbollah, matando sete socorristas. Em 30 de setembro, três integrantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) morreram noutra ação israelita.
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