“A segurança é transversal” e inclui o mar, que é “uma fronteira permeável, que se não for controlada” pode ser usada por grupos armados para criar instabilidade, referiu Gouveia e Melo.
O militar português falava à margem da 3.ª Conferência da Economia do Mar, organizada em Maputo pela Câmara de Comércio Portugal Moçambique.
Reconhecendo que “o mar é um elemento agreste e difícil de controlar”, o almirante Henrique Gouveia e Melo defendeu a necessidade de os Estados concentrarem esforços na proteção das suas águas territoriais, assinalando que estes espaços podem ser palco de atividades criminosas.
Ainda sobre o combate aos grupos armados em Cabo Delgado, Gouveia e Melo observou que Portugal “dá o apoio possível”, notando que o país “não tem capacidades ilimitadas”.
“Nós damos apoios que são aceites por Moçambique e aqueles que nós também podemos dar”, enfatizou.
O chefe do Estado-Maior da Armada de Portugal frisou que o seu país estará sempre com Moçambique na luta contra a violência radical, porque “os dois povos são irmãos”.
“É uma preocupação, porque afeta um país que é um nosso irmão”, frisou Henrique Gouveia e Melo, que nasceu na cidade de Quelimane, na província da Zambézia, centro de Moçambique, e falou da emoção de voltar ao país africano.
Na sua intervenção na conferência, Gouveia e Melo destacou a importância do mar para a economia de Moçambique e dos país vizinhos, que dependem dos portos moçambicanos para o seu comércio internacional.
“Moçambique ocupa uma posição estratégica, porque os portos moçambicanos são porta de entrada para as trocas comerciais dos países do interior”, destacou.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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