Esta medida deverá ter enormes implicações fiscais para a Disney e complicar ainda mais a relação entre os republicanos no poder naquele Estado e um importante ator político cujos parques temáticos transformaram Orlando um dos destinos turísticos mais populares do mundo.
Na quinta-feira, a Câmara dos Representantes da Florida já tinha aprovado o projeto de lei, que é uma vitória para o governador republicano Ron DeSantis, após as críticas que a empresa fez pela promulgação da polémica lei conhecida como "Don't Say Gay" ("Não diga gay", em português), que proíbe os professores de falarem sobre orientação sexual nas escolas neste estado norte-americano.
Ron DeSantis é um conservador ambicioso que, segundo analistas de política, gostaria de usar a Florida como trampolim para a Casa Branca.
O projeto de lei poderá eliminar, até junho de 2023, o distrito de Reedy Creek, zona especial que abrange cerca de 100 quilómetros quadrados e fica entre os condados de Osceola e Orange, no centro do Estado, e permite que o Walt Disney World tenha a sua própria polícia e corpo de bombeiros, entre outros privilégios.
O estatuto na mira do governador foi concedido à Disney na década de 1960, quando foi construído o parque de diversões perto de Orlando que está entre os mais visitados do mundo.
DeSantis realçou esta sexta-feira que a empresa acabará por pagar mais impostos do que atualmente e que a lei não deve causar o aumento de impostos para os moradores da Disney, embora não tenha prestado mais esclarecimentos.
A lei que gerou a controvérsia entre governador e empresa, aprovada pelo Congresso e assinada em março pelo governador, levou a Disney a reagir em comunicado, defendendo que esta proposta “nunca devia ter sido aprovada” e pedindo desculpa aos seus funcionários por ter optado por estar em silêncio e fazer campanha “atrás das cortinas”.
Pouco antes da lei ser promulgada, o CEO da Disney, Bob Chapek, anunciou que a empresa ia cancelar as suas grandes doações políticas na Florida, inclusive para o próprio governador.
E revelou ainda que aumentaria os seus fundos em favor de grupos que lutam contra medidas semelhantes em outros estados.
Por sua vez, o governador da Florida considerou as declarações da Disney como "desonestas" e "para lá dos limites", declarações que repetiu esta sexta-feira na cerimónia de assinatura do projeto de lei que afeta ainda outros distritos semelhantes naquele Estado.
O governador da Florida criticou a Disney por se manifestar contra o projeto de lei "Don't Say Gay", retratando a empresa como uma fornecedora de uma ideologia que injeta assuntos impróprios no entretenimento infantil.
Os democratas criticaram este projeto de lei e alertaram que os proprietários de imóveis podem enfrentar mais impostos se tiverem de absorver os custos da empresa, embora as circunstâncias ainda estejam por ser esclarecidas.
“O diabo está nos detalhes e ainda não temos os detalhes hoje”, salientou o prefeito de Orange County, Jerry Demings, cujo condado abriga parcialmente a Disney World.
O autarca acrescentou que seria “catastrófico para o orçamento” se o condado tivesse que assumir os custos de segurança pública no resort do parque temático.
A Disney é um dos maiores empregadores privados da Florida, com mais de 60.000 trabalhadores no Estado, segundo dados da empresa.
Ainda não é claro de que forma a empresa, e a sua capacidade de autogestão, irá ser afetada com o projeto de lei seja aplicado.
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