“O ministro informou-nos que não estava ali para discutir soluções, mas na condição de informar o que tinha acontecido no dia de hoje. Descobriu que a maioria das ações está penhorada num banco, mas que Alfredo Casimiro [principal acionista] não quis dizer qual e está protegido pelo sigilo bancário. E que outras ações estão numa entidade que não conhece. Está a tentar descobrir”, adiantou João Alves, da Comissão de Trabalhadores (CT).
“Se nem o Estado nem a TAP injetavam dinheiro sem uma garantia, hoje em dia já sabemos que não há ações para penhorar" e por isso nem o Estado nem a TAP vão “investir nenhum dinheiro” na empresa de ‘handling’ (assistência em terra nos aeroportos), disse.
“A empresa é viável, tem boa estrutura e o problema é conjuntural. Temos todas as condições de, numa situação normal, fazer a operação da empresa dar lucro e assim que haja uma retoma tem todas as condições para começar a faturar”, garantiu.
João Alves disse ainda que o ministro “não está ainda em condições de poder avaliar as situações” porque não depende só dele. “Assim que tiver mais dados concretos diz que nos volta a contactar”, referiu.
Segundo fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, as negociações, que já se arrastavam há vários dias, falharam, porque Alfredo Casimiro, dono da Pasogal, empresa que detém 50,1% da Groundforce, não pode entregar as ações como garantia para o empréstimo, uma vez que já se encontram penhoradas.
Em causa estão as negociações para um adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários em atraso, relativos a fevereiro, que seria feito pela TAP à Groundforce, em que as ações da Pasogal seriam dadas como garantia.
A TAP é também acionista da Groundforce, com 49,9% do capital, e o principal cliente da empresa da 'handling' (assistência nos aeroportos), e desde novembro tem vindo a fazer adiantamentos à Groundforce, que teve uma grande quebra de receitas devido ao impacto da pandemia no setor da aviação.
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas disse que o empréstimo bancário à Groundforce será dado com aval do Estado, realçando que as exigências para o financiamento aguardado serão "as mesmas" que as impostas para o adiantamento pela TAP.
Questionado sobre a demora da operação, apontada pela empresa como justificação para o atraso no pagamento dos salários, o governante adiantou que "havia um conjunto de informação que estava a ser pedida [à empresa], mas não estava a ser dada e isso atrasou o processo".
"A disponibilidade para fazer essa operação existe", disse, referindo que "em princípio, [...] o empréstimo chega durante o mês de março".
Em comunicado enviado na quinta-feira, o acionista privado da Groundforce adiantou estar "já negociado" o empréstimo bancário com aval do Estado, "de 30 milhões de euros das anunciadas linhas Covid".
Na conferência de imprensa, Pedro Nuno Santos sublinhou que "é preciso que se entenda que as exigências que a TAP está a fazer à Groundforce [para o adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários em atraso] são as mesmas que o Estado português exigirá pelo empréstimo bancário".
"Aquilo que está a ser recusado hoje acabará por ter de ser recusado na altura do empréstimo bancário, porque as exigências são as mesmas", acrescentou.
Pedro Nuno Santos disse então que a Groundforce "tem dinheiro em caixa que lhe permitiria pagar metade dos salários dos trabalhadores".
"Sabemos que há cerca de 1,4 milhões de euros em caixa. Posso estar errado no valor, mas sabemos que há dinheiro em caixa desta dimensão", referiu.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou "inaceitável" a proposta do acionista privado da Groundforce (a Pasogal, de Alfredo Casimiro) de exigir manter o controlo da empresa em caso de execução da penhora da sua participação por incumprimento do pagamento da dívida à TAP.
Na conferência de imprensa na quinta-feira à noite, Pedro Nuno Santos explicou que o acionista privado da Groundforce, Alfredo Casimiro, tinha aceitado um penhor das ações relativas à sua participação (50,1%, através da Pasogal) para receber um adiantamento de cerca de dois milhões de euros, mas exigiu - em caso de execução - manter o controlo da empresa de 'handling' (assistência nos aeroportos), em que a TAP detém 49,9% do capital.
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