“Trata-se de uma política que provocou guerras na região da antiga Jugoslávia, que promoveu crimes de guerra na Croácia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo, em que muitos perderam a vida, muitos foram expulsos de suas casas e que causou uma forte instabilidade nesta parte da Europa”, refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros bósnio, num comunicado hoje emitido.
Citado pela agência EFE, o comunicado do Governo da Bósnia sublinha que a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Peter Handke “prejudicou o prestígio e pôs em causa a credibilidade do Prémio em si mesmo”.
O Nobel da Literatura de 2019 foi atribuído na quinta-feira a Peter Handke, de 76 anos.
Para alguns, o austríaco Handke é um apologista de crimes cometidos em nome do nacionalismo sérvio, enquanto para outros é um intelectual que se atreveu a lutar contra a demonização dos sérvios como a causa de todos os males das guerras na ex-Jugoslávia.
Inúmeros intelectuais da Bósnia, Kosovo e Albânia criticaram a decisão do júri do Nobel, qualificando Handke de apologista e negacionista de crimes cometidos em nome do nacionalismo sérvio e como um admirador do autoritário ex-Presidente sérvio Slobodan Milosevic (1941-2006).
Na Sérvia, onde Handke é amplamente reconhecido e premiado, o galardão foi recebido com alegria.
Peter Handke negou ter questionado ou minimizado o massacre e disse que pretendia apenas esclarecer a imagem maniqueísta oferecida pela imprensa internacional de que os sérvios eram “maus” e os bósnios-muçulmanos “bons”.
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