“Nos termos contratuais, o relatório com as conclusões deverá ser entregue no final de 2018”, adiantou à agência Lusa fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional, numa resposta por escrito.
Em causa está a contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes, identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos e confirmada, em 2009, pelo LNEC, que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.
Em março de 2018, o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, anunciou um novo estudo sobre a contaminação da ilha Terceira, que seria elaborado pelo LNEC, em colaboração com o Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC).
De acordo com o Ministério da Defesa, os trabalhos de prospeção geofísica iniciaram-se a 18 de junho e “a recolha de dados está completa”, encontrando-se em análise no laboratório.
No início de setembro, arrancará “uma nova ronda de trabalhos com a instalação de sondagens/piezómetros a realizar pelo LREC”.
“Os produtos recolhidos [solos e águas] serão sujeitos a análises químicas. Na época de chuvas será realizada uma nova campanha de recolha de amostras. Os resultados serão analisados pelo LNEC em relatório final”, acrescentou fonte oficial do ministério.
No dia em que se iniciaram os trabalhos, a 18 de junho, Azeredo Lopes, disse, na ilha Terceira, que o objetivo era “aprofundar alegações sobre eventuais sítios ou eventuais situações em que possa ou não existir contaminação”.
Segundo o ministro da Defesa Nacional, o novo estudo irá analisar 33 locais, que resultam de um cruzamento de informação já conhecida de outros relatórios e de novas suspeitas levantadas junto da opinião pública.
O executivo açoriano também encomendou um estudo à Universidade dos Açores, que prevê, além da análise dos riscos da contaminação, a identificação das soluções tecnológicas disponíveis para uma intervenção mais eficaz.
No final de maio, numa sessão técnica sobre o processo de descontaminação, organizada pelo Governo Regional dos Açores, na Praia da Vitória, a investigadora do LNEC Teresa Leitão disse que dos 42 locais inicialmente identificados como podendo estar contaminados, o laboratório considerou que apenas 21 mereciam continuar a ser analisados.
Destes, seis foram sujeitos a ações de reabilitação, dois foram desativados (condutas de combustíveis do Cabrito e da Covas das Cinzas) e dois estão ainda a ser sujeitos a ações de reabilitação (Porta de Armas e parque de combustíveis “South Tank Farm”).
A investigadora disse que existiam, na altura, 12 locais em reabilitação ou monitorização, estando previstas sondagens em 10 desses locais, no novo estudo.
Na última reunião da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América, realizada a 23 de maio, em Washington, os norte-americanos revelaram que, além do South Tank Farm e da Porta de Armas, existiam “ações de descontaminação planeadas ou em curso em mais oito locais", segundo o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.
O chefe do executivo açoriano, que tinha defendido a apresentação de “resultados visíveis e concretos” de descontaminação, disse que nesta reunião bilateral foram apresentados dados que comprovaram uma "ação mais diligente, mais concreta e mais efetiva" por parte dos Estados Unidos.
Em 2015, na sequência do anúncio de redução militar norte-americana na base das Lajes, o Governo Regional apresentou o Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira (PREIT), em que reivindicava uma compensação dos EUA, na ordem dos 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, dos quais 100 milhões se destinavam à "reconversão e limpeza ambiental".
Em março de 2018, a Assembleia da República discutiu seis propostas que defendiam a limpeza ambiental da ilha, tendo aprovado os projetos de resolução do PS, de Os Verdes e do CDS-PP por unanimidade e as iniciativas do PSD, do BE e do PAN por maioria, com a abstenção do PS.
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