O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) palestiniano chamou ao ministro israelita, Itamar Ben Gvir, “supremacista e fascista” e instou a comunidade internacional a “agir urgentemente para impedir a iminente explosão da situação na Palestina e as graves ameaças que os crimes e violações israelitas representam para a paz e a segurança internacionais”.

Segundo o MNE palestiniano, o ministro da Segurança Pública de Israel, líder do partido de extrema-direita Otzma Yehudit (Poder Judeu), “tem realizado repetidos atos de incitação contra o povo palestiniano e o seu lugar sagrado” e “tem repetidamente instigado à violência e ao terrorismo com a sua retórica incendiária, as suas ameaças de ódio e os seus atos provocatórios”.

O ministério palestiniano denunciou ainda que a visita de Ben Gvir contou com a “proteção das forças ocupantes israelitas”, naquilo que descreveu como “uma nova tentativa beligerante de reafirmar a soberania israelita sobre os lugares sagrados, o que representa uma grave violação do Direito Internacional”.

“O Estado da Palestina considera Israel, potência ocupante, e os seus políticos e funcionários, totalmente responsáveis pelas explosivas repercussões das suas contínuas medidas ilegais e provocatórias, que terão consequências a longo prazo para a paz e a segurança regional e internacional”, sublinhou.

Reiterou que a Esplanada das Mesquitas “é um lugar de oração muçulmano, protegido e preservado pelo ‘statu quo’ histórico e internacionalmente acordado, sob a autoridade exclusiva do Património e a custódia da Jordânia”.

“Os permanentes ataques de Israel à Esplanada das Mesquitas têm claramente como objetivo a sua divisão espacial e temporal, para permitir que os judeus ali rezem e impor o controlo de Israel sobre o lugar sagrado”, prosseguiu o MNE palestiniano.

“Recordamos que Israel, potência ocupante, não tem legitimidade ou soberania sobre Jerusalém, incluindo Jerusalém oriental, a sua Cidade Velha, as suas muralhas e os seus lugares sagrados”, acrescentou.

Por isso, apelou para que “todos os países e organizações atuem urgentemente, tanto de forma coletiva como individual, para conter e exigir o fim imediato de todas as agressões de Israel, potência ocupante, ao povo palestiniano e seus lugares sagrados, especialmente em Jerusalém”.

“As condenações e o não-reconhecimento devem ser apoiados por medidas sérias e tangíveis de responsabilização, que são imperativas para pôr fim a estas perigosas provocações e estas políticas e ações ilegais”, defendeu o MNE palestiniano.

No mesmo sentido, divulgou um segundo comunicado no qual aplaudiu o “claro consenso internacional”, devido à torrente de críticas a Ben Gvir pela sua visita, emitida por países árabes e muçulmanos e outros Estados ocidentais, entre os quais os Estados Unidos, França e a Alemanha.

“O ministério considera que tais reações refletem um claro consenso internacional não só na rejeição e na condenação das práticas do Estado ocupante em Jerusalém, mas também quanto à abordagem do que é parte integral do território palestiniano ocupado desde 1967, de acordo com as resoluções internacionais”, indicou.

Vincou mesmo tratar-se de “uma mensagem global com características e conteúdo claros para o Governo extremista do [primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu, que inclui uma advertência contra a aplicação de medidas ou ações que prejudiquem a situação em Jerusalém e na totalidade dos Territórios Palestinianos Ocupados”.

Ben Gvir defendeu nas últimas horas a sua visita à Esplanada das Mesquitas e condenou “o racismo” existente, pelo facto de o ‘statu quo’ proibir de ali rezar os judeus que entram no Monte do Templo.

O ‘statu quo’ na Esplanada das Mesquitas impede os judeus de orarem e autoriza apenas que visitem o local em horários pré-definidos e que o percorram através de um trajeto estabelecido, acompanhados por polícias que devem zelar por que os fiéis não rezem ou ali coloquem bandeiras israelitas ou objetos religiosos judaicos.

Israel assumiu o controlo da Esplanada das Mesquitas e do resto da Cidade Velha de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. No entanto, permitiu que a Jordânia continuasse a manter a autoridade religiosa sobre o local e, nos termos do acordo de paz, reconheceu o “papel especial” da Jordânia sobre “os lugares santos muçulmanos de Jerusalém”.

Israel considera Jerusalém a sua capital “indivisível”, apesar de o estatuto da cidade estar dependente de um acordo de paz com as autoridades palestinianas, que reivindicam Jerusalém oriental como capital de um Estado nas fronteiras de 1967, no âmbito de uma solução de dois Estados coexistindo lado a lado apoiada pela comunidade internacional, que apela igualmente para que não se realizem alterações ao ‘statu quo’.