“Não podemos aceitar esta banalização da violência contra as raparigas”, um pouco em todo o país, especialmente nas “queimas das fitas” e outras festas de estudantes do ensino superior, disse Rosa Monteiro, em Coimbra.
A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade intervinha no encerramento da apresentação pública do projeto “Noite saudável das cidades do Centro de Portugal”, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
Na sua opinião, importa “perceber como estas situações devem ser evitadas”, o que a levou a promover, na semana passada, uma reunião com dirigentes das associações académicas de Portugal.
No entanto, no encontro, que visava promover “uma reflexão conjunta” sobre estes problemas, Rosa Monteiro verificou que “há uma grande normalização e tolerância do assédio” contras as estudantes e demais raparigas que participam “nestas noites académicas”.
Rosa Monteiro disse ter na sua posse “fotos verdadeiramente chocantes”, neste caso obtidas no “queimódromo” do Porto, que demonstram práticas de assédio e violência com objetivos sexuais contra raparigas.
Os índices da sinistralidade rodoviária entre jovens, sobretudo do sexo masculino, frequentemente associada às vivências da noite, incluindo com consumo de álcool e drogas, foram outra das preocupações assumidas pela secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, numa reunião em que estava presente a deputada do PS e investigadora Elza Pais, que no passado assumiu idênticas funções governativas.
“É preciso passar à ação de forma urgente e articulada”, preconizou Rosa Monteiro.
Realização conjunta do Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco (IREFREA Portugal), CCDRC e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o projeto “Noite Saudável das Cidades do Centro de Portugal” é financiado pela União Europeia, através do programa operacional Centro 2020 e envolve 21 municípios e outras entidades da região.
João Redondo, coordenador do projeto e do Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicogénico do Centro de Responsabilidade Integrado de Psiquiatria do CHUC, realçou que a iniciativa visa sobretudo “a capacitação dos profissionais e a criação de redes” em busca de mais saúde e segurança das pessoas que frequentam a diversão noturna.
“Temos de trabalhar em comunidade e em rede”, sublinhou também a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, na linha das intervenções dos presidentes do IREFREA Portugal, Fernando Mendes, e do CHUC, Fernando Regateiro.
É necessário “agir para a mudança ocorrer” nos comportamentos da noite das cidades da região Centro e do país, defendeu Fernando Regateiro.
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