De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan reuniu-se esta sexta-feira à noite com o presidente do conselho (shura) do Hamas, Mohamed Ismail Darwish, e com outros membros do gabinete político do movimento islâmico, e apresentou-lhes as condolências pela morte de Sinwar, confirmada ontem pelo próprio grupo palestiniano.
Fidan e Darwish discutiram a situação das negociações de um cessar-fogo para a troca de reféns israelitas detidos pelo Hamas, assim como a situação humanitária em Gaza, refere o comunicado.
O ministro turco confirmou hoje as conversações com “uma delegação do Hamas” numa conferência de imprensa em Istambul, sublinhando que tinham discutido principalmente a forma de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza e de conseguir “uma mobilização internacional” para parar a guerra.
No encontro, foram também debatidos os esforços para alcançar a unidade entre os diferentes grupos políticos palestinianos, enfraquecidos por quase duas décadas de confrontos entre o movimento islâmico Hamas e a secular Fatah, que domina a Autoridade Palestiniana na Cisjordânia.
“A Turquia apoia um consenso interno palestiniano. Quanto melhor for este consenso, melhor os palestinianos poderão reforçar a sua unidade e solidariedade e representar as suas posições, e mais difícil será sujeitá-los à ocupação e a um tratamento desumano”, afirmou Fidan.
O encontro entre Darwish e Fidan, na sexta-feira, ocorreu no mesmo dia em que o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araqchi, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, também se encontraram em Istambul para uma reunião da Plataforma 3+3 do Cáucaso.
Na quinta-feira, o exército israelita anunciou estar a “verificar” se o líder do movimento islamita Hamas, Yahya Sinwar, tinha sido “eliminado” durante uma operação na Faixa de Gaza.
“Durante as operações do exército na Faixa de Gaza, três terroristas foram eliminados”, declarou o exército em comunicado.
As forças israelitas estão a “verificar a possibilidade de um dos terroristas ser Yahya Sinwar” e “nesta fase, as identidades dos terroristas não podem ser confirmadas”, acrescentou então o comunicado.
O anúncio surgiu pouco depois de o exército ter anunciado o bombardeamento de uma escola no campo de refugiados de Jabalia, no norte do enclave, alegadamente utilizada como “centro de comando e controlo” dos movimentos islamitas Jihad Islâmica e Hamas, num ataque que já fez pelo menos 28 mortos e 150 feridos, segundo o gabinete de imprensa do governo do Hamas.
O líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, assumiu igualmente as rédeas do gabinete político do grupo islamita a 06 de agosto, após o assassinato de Ismail Haniyeh em Teerão, num atentado atribuído a Israel.
Sinwar, que passou 22 anos numa prisão israelita até ser libertado em 2011, durante a troca de mais de mil prisioneiros palestinianos pelo soldado israelita Gilad Shalit detido em Gaza, foi descrito por aqueles que o interrogaram como uma pessoa “extremamente inteligente”.
Desde o início da guerra em Gaza, há mais de um ano, o seu paradeiro era praticamente desconhecido para Israel, que previu que o líder do Hamas estaria nos túneis, perto de alguns dos cerca de 100 reféns ainda detidos no enclave como proteção.
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